Quando eu tive a lesão no final do ano passado, doeu muito perder a Copa do Mundo. Era meu sonho. Só que a parte mais difícil de toda a recuperação não foi essa: foi ver meu filho triste comigo porque queria brincar e eu não conseguia levantar da cama.
Ele estava para completar dois anos naquela época e estava naquela fase de querer andar, correr, jogar bola... E eu não conseguia acompanhá-lo. E eu sempre acompanhei a rotina dele. Isso doeu muito.
'Filho, o papai tá dodói', falava para ele. Ele me olhava com aqueles olhinhos, colocava a mão no meu joelho e entendia. Mas passava um minuto e ele já estava me empurrando para brincar de novo. E aí era hora da mamãe explicar. Ver ele ficar bravo porque eu não levantava para brincar com ele era muito duro, mas serviu de aprendizado.
A única parte boa foi poder ficar perto deles. Sabe, a nossa rotina é louca, é viagem atrás de viagem e a gente quase nunca para uma semana inteira em casa. Poder ver de perto as evoluções dele foi algo muito especial.
Foi ao lado da minha família que eu superei todo esse tempo longe dos gramados. E foi ao lado da minha família que eu estava quando recebi a convocação para voltar à seleção brasileira. Tinha prometido pra mim mesmo que eu voltaria a vestir essa camisa e, quando o telefone tocou com a notícia, passou aquele filme na cabeça. Eu consegui.