Karim Benzema caminhou lentamente entre os companheiros, subiu em uma cadeira e levantou a cabeça. Diante de seus olhos, o jogador, então com 17 anos, tinha pela frente o elenco do Lyon tricampeão francês e que era líder na busca pelo quarto título seguido.
Fazia parte do ritual: antes da estreia, todo atleta se apresentava, agradecia ao treinador pela chance, dizia que estava feliz, era aplaudido pelos colegas e ponto final. Naquela noite, em janeiro de 2005, foi diferente.
A voz baixa e o jeito envergonhado de Benzema arrancavam risadas dos colegas. Era praxe fazer piada com os novatos. "Estou muito feliz por estar aqui, mas hoje é só o começo. Com todo respeito aos atacantes, eu vou roubar o lugar de algum de vocês".
As risadas logo se transformaram em silêncio. "Nos treinos, a gente já tinha visto que ele era especial. Mas ali eu tive certeza que ele poderia ter uma carreira vitoriosa. O garoto era ousado", lembra o ex-zagueiro Cláudio Caçapa, capitão do time na época, em entrevista ao UOL.
O Lyon de 2005 era uma constelação. Os brasileiros Nilmar e Élber, além de Govou e Wiltord, eram os principais atacantes do elenco. Tomar o lugar de um deles era o novo desafio do jovem Karim; não seria o primeiro, nem o último.