O bilhetinho escrito à mão, que repousava sobre a mesa na madrugada, ganhou lugar cativo na carteira de Maressa, capitã do São Paulo. "Maressa, lute, faça gol. Estamos torcendo por você. Beijos, te amo. Mamãe". Os dizeres da mãe, que saía antes de o sol nascer para trabalhar como empregada doméstica, estão opacos pelo tempo. O papel, rasgado de um caderno qualquer, começou a desfigurar. Mas ele segue lá: nem tão firme, mas com a mensagem ainda forte.
Maressa é uma meia fugaz. Deixou o Palmeiras para se firmar no São Paulo, time que deslanchou em 2023 e tem conquistado resultados importantes nas competições. Marcou contra o ex-time Palmeiras no último domingo (18), do qual se despediu em 2020 e cuja torcida ainda a quer de volta. Seu olhar atento, que a fez ganhar a braçadeira de capitã do elenco de Thiago Viana, também percebeu que o bilhete se desfalecia aos poucos. Decidiu, então, rabiscá-lo na pele para sempre.
A tatuagem, fidedigna até à estética do bilhete, teve a perna de Maressa como tela. Sob uniformes de jogo, não se esconde, fazendo-a relembrar da mensagem. Ao UOL, ela fala com exclusividade sobre os percalços do começo, sobre as raivosas vizinhas que detestavam quando sua bola batia em seus portões. Relembra como conciliava escola e futebol e chora ao citar as pelejas dos pais até que ela se profissionalizasse.
A entrevista é a primeira de uma série de cinco episódios que contam a história de personagens do futebol feminino às vésperas da Copa do Mundo. Todas as quintas, essas histórias serão publicadas no UOL, e os vídeos, exibidos no programa Joga Junto, no mesmo dia, às 15h.