Bola Sete é do tipo que nunca precisou ser apresentado. Por décadas, a obesidade foi seu cartão de visita, seu passaporte para rodar o mundo com o personagem que levantava arquibancadas. Seus 250 quilos atraiam câmeras na mesma proporção em que a barriga interessava a marcas e políticos em busca de exposição.
A obesidade mórbida, porém, trazia uma série de problemas para Roberto Santana, o homem embaixo do personagem. Problemas triviais, como cruzar de pernas, aos mais sérios, como o risco de morrer com uma complicação causada pela doença. No entanto, Bola Sete só não imaginava que se cuidar o afastaria da profissão que exerceu por duas décadas e meia.
Sem trabalho, procurou um antigo contratante, que o havia levado para sete inesquecíveis temporadas agitando o verão de Portugal, e ouviuque o velho Bola Sete só interessa na forma redonda. "Ele falou que eu não era mais o cara que chama atenção, que eu não era mais um outdoor ambulante. Perdi vários eventos por deixar de ser obeso.".
Aos 58 anos, o animador profissional agora leva outra vida. Depois de décadas sem subir em uma bicicleta, Bola Sete sai de casa três vezes por semana às 6h20, em cima da magrela para ir à academia. Aos finais de semana, chega a pedalar 80 km.
Com cinco Copas e quatro Olimpíadas no currículo de animador, Bola Sete agora está de volta à profissão que consagrou o pai, a massoterapia, e sonha em juntar dinheiro para três novas cirurgias, necessárias para retirar pele sobressalente. Enquanto isso, celebra a vida como quem costumava festejar um gol da seleção.