O futebol brasileiro perdeu nesta segunda-feira (9) dois dos seis técnicos estrangeiros que trabalhavam na série A do Brasileiro. O espanhol Domenéc Torrent foi demitido do Flamengo após goleadas para o São Paulo (4 a 1), na semana passada, e para o Atlético-MG (4 a 0), neste fim de semana. Eduardo Coudet foi outro a dar adeus ao Brasil. O argentino deixa o Internacional, equipe líder do Brasileirão, para o assumir o Celta, 17º colocado no Campeonato Espanhol —e para ganhar menos do que no clube gaúcho.
Dos estrangeiros, sobraram Jorge Sampaoli, treinador do Atlético-MG, os portugueses Ricardo Sá Pinto, do Vasco, e Abel Ferreira, que acabou de assumir o Palmeiras, e Ramon Diaz, que ainda nem mesmo estreou pelo Botafogo. Até quando o grupo continuará com quatro membros é uma pergunta sem resposta. Mas, se depender do histórico, esse quarteto não vai durar muito.
Na máquina de moer treinadores do futebol brasileiro, os profissionais empregados atualmente na função em clubes da Série A estão, em média, há 5,2 meses no cargo, como mostra levantamento do colunista do UOL Esporte Rafael Reis. É menos do que a média histórica do futebol brasileiro na era dos pontos corridos: desde 2003, os técnicos nacionais têm vida útil de 6,1 meses para trabalhar. E, entre os estrangeiros, a média de permanência nos clubes é ainda menor: 4,9 meses.
Nem mesmo entre os times brasileiros de melhor rendimento a história muda. Entre os clubes que disputam (ou disputaram) a Libertadores de 2020 —e, portanto, vêm de temporadas em alta—, a permanência média é de 8,65 meses. Só que esse número é inflado por Renato Gaúcho, há 4 anos, um mês e 23 dias no comando do Grêmio. Sem ele, a média dos atuais técnicos de Athletico, Flamengo, Internacional, Palmeiras e Santos, incluindo os já eliminados São Paulo e Corinthians, é de apenas 2,68 meses.
Números como esses indicam que o trabalho dos treinadores, no Brasil, é efêmero. E explicam por que Coudet e Dome, duas semanas depois de protagonizarem o "melhor jogo do Brasileirão" (Inter 2 x 2 Flamengo), os dois já não trabalham no futebol brasileiro.