Não foram os gols. O fato mais marcante da sexta rodada foi a prisão em flagrante de um jogador do atual líder do Brasileirão, por injúria racial. A acusação de Edenílson, do Internacional, contra Rafael Ramos, do Corinthians, só não deixou o lateral-direito por mais tempo sob custódia porque houve pagamento de uma fiança de R$ 10 mil. Mas os desdobramentos não vão parar por aí.
Edenílson disse que foi chamado de "macaco" e recebeu a solidariedade de diversos jogadores. A equipe de arbitragem disse em súmula que não ouviu a injúria, mas registrou a reclamação do volante colorado. Edenílson chegou a confrontar Rafael Ramos ainda no gramado. O lateral corintiano nega a ofensa durante o jogo de sábado, que foi 2 a 2.
O episódio no Beira-Rio remete a outros momentos nada distantes nos quais o assunto racismo invadiu os gramados brasileiros. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por exemplo, instaurou inquérito para apurar a denúncia feita pelo volante Fellipe Bastos, do Goiás, que na semana passada disse ter sido ofendido pela torcida do rival Atlético-GO. Esse deve ser o procedimento também em relação ao caso Rafael Ramos.
Diferentemente da situação vivida por Fellipe Bastos, o fato no Internacional x Corinthians foi um embate entre jogadores e traz à memória o Flamengo x Bahia de dezembro de 2020. Na ocasião, o meia Gerson disse ter sido chamado de macaco pelo colombiano Índio Ramírez.
Ramírez não chegou a ser preso em flagrante. Um inquérito também foi instaurado pelo STJD na época. A questão é que a investigação não avançou: uma denúncia formal não chegou a ser feita na corte desportiva porque o relator do caso, o auditor Maurício Neves da Fonseca, apontou "insuficiência de elementos probatórios". Na esfera criminal, o Ministério Público recomendou que o caso não fosse adiante.
É possível um desfecho diferente agora?