Ação e reação

Gabigol responde provocações com gols e, em atuação de gala na rodada, reforça sua melhor média pelo Flamengo

Fernanda Luz/AGIF

Os urros de Gabigol para a arquibancada da Vila Belmiro, em um primeiro olhar, não condiziam com a história que o atacante do Flamengo construiu no Santos. Mas a "lei do ex" em dose tripla no jogo pela 18ª rodada do Brasileirão e a comemoração explosiva foram a reação a um combustível que veio de fora do campo: a provocação.

Turbinado pelo desejo de dar uma resposta aos xingamentos que ouvira na saída para o intervalo, Gabigol construiu, com três bolas na rede, a goleada por 4 a 0 do Fla fora de casa. Assim, a média do atacante no Brasileirão 2021 passou a ser seis gols em seis jogos. Na temporada toda, a eficácia é similar. São 27 jogos pelo Flamengo e 27 gols. Gabigol não esconde que gosta desse enfrentamento psicológico, mas se surpreendeu com o que ouviu e, sobretudo, onde ouviu.

"Mexeram com a pessoa errada, voltei para o segundo tempo e fiz três gols", disse Gabigol, ao término do jogo.

É com esse apetite que o Flamengo ainda tenta escalar até G4, sobretudo para não perder de vista o líder Atlético-MG — a distância é de oito pontos, com o Fla tendo dois jogos a menos. E Gabigol não deixa brecha para Renato Gaúcho questionar sua titularidade, embora Pedro seja boa alternativa. O Brasileirão ainda está chegando à metade, mas a média de Gabigol nesta temporada é melhor do que nos dois anos anteriores com o Fla. Em 2019, foram 59 jogos e 43 gols (0,73/jogo). Em 2020, 43 jogos e 27 gols (0,63/jogo). Ou seja, em 2021, já igualou o número de gols do ano passado.

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Fernanda Luz/AGIF

Calharam bem esses três golzinhos na Vila, onde gosto muito de jogar. Tenho 10 anos de Santos. Meus pais moram aqui, eu também moro aqui, apesar de jogar no Rio. Aqui é minha cidade. Até comentei antes do jogo que estava muito feliz de vir aqui, o Santos é o clube que me projetou, sempre vejo jogos do Santos, meu pai é santista desde pequenininho. Acho que têm que respeitar minha história no clube, no último título do Santos eu estava aqui. Eles me xingaram não sei de onde, na imprensa só vai sair que eu provoquei, mas mexeram com a pessoa errada, voltei para o segundo tempo e fiz três gols.

Gabigol, Atacante do Flamengo

Como foram os gols de Gabigol sobre o Santos

Fernanda Luz/AGIF

No Brasileirão, soma de três em três

Gabigol não é o artilheiro do Flamengo no Brasileirão. Bruno Henrique tem oito gols e é um dos principais marcadores da competição, ao lado de Edenílson, do Internacional, e Gilberto, do Bahia. A questão é que o camisa 9, na Série A, tem somado de três em três: foi assim contra o Bahia, quando fez seu primeiro jogo no campeonato atual, e agora contra o Santos. Isso ajuda na conta das oito goleadas nos últimos 14 jogos do Fla.

No que diz respeito às provocações, Gabigol tem dentro do próprio clube —de forma sadi — um Renato Gaúcho que é adepto dessa estratégia motivacional. O técnico já disse que o atacante não está preparado para ver o seu DVD e, em um papo no vestiário, respondeu Gabigol dizendo, de forma exagerada: "Eu tenho de títulos o que você tem de idade".

"Às vezes, ele encontra também os chatões do outro lado. Só a gente sabe o quanto ele é chatão aqui (risos). Mas ele levou na brincadeira. Ele jogou aqui, conquistou também. A maior prova do que poderia fazer em resposta às provocações é o gol. 'Você é o Gabigol, vai lá, ajuda a gente e ponto final'. Foi o que ele fez", disse Renato.

A preocupação é não extrapolar o limite da comemoração e abrir brecha para uma série de cartões amarelos. Gabigol foi expulso neste Brasileirão, contra o Internacional, por provocação. Menos jogos em campo, menos chances de gol.

"Troco bastante ideia com ele. Aconselho justamente para que não tome nem amarelo nem vermelho. O treinador da seleção está observando. Então, é preciso que tome cuidado", contou Renato Gaúcho.

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Diogo Reis/AGIF

E os outros convocados?

A expectativa agora é quando Gabigol alcançará o centésimo gol pelo Flamengo. Como já tem 97, faltam três. Antes, há uma pausa para defender a seleção. O atacante faz parte da lista de dez jogadores que atuam no Brasil convocados para os próximos jogos das Eliminatórias, contra Chile, Argentina e Peru. Enquanto Gabigol saiu da rodada com três gols, o saldo foi diferente para os demais.

Companheiro de Fla, Éverton Ribeiro teve uma atuação correta, mas discreta, sendo substituído por Andreas Pereira, aos 35 minutos do segundo tempo, quando já estava 3 a 0.

No Internacional de Edenílson, um empate meio blasé com o Atlético-GO, fora de casa. O meio-campista, que durante a semana postou um vídeo do filho se emocionando com sua convocação, considerou o resultado justo.

O São Paulo cedeu Miranda e Daniel Alves à seleção. O zagueiro cometeu a falta que originou o empate do Juventude, já nos acréscimos do segundo tempo. O lateral direito, por sua vez, nem foi relacionado e ganhou descanso.

O Palmeiras x Athletico colocou frente a frente dois goleiros convocados por Tite: Santos e Weverton. Amigos, pois jogaram juntos no time paranaense, eles não foram protagonistas: foi 2 a 1 para o Palmeiras. Weverton deve ser o titular na seleção.

Outro goleiro chamado é Éverson, do Atlético-MG. No empate de 1 a 1 com o Red Bull Bragantino, ele foi traído pelo zagueiro Nathan Silva, que fez gol contra, após se precipitar em um cruzamento relativamente simples. O atacante Hulk passou em branco e Guilherme Arana teve uma atuação mediana.

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Frases da rodada

O que aconteceu de atípico: tivemos um pênalti questionável e entregamos dois lances, do terceiro e do quarto gols. Sem esses lances, poderia ser 1x0, 2x0, 2x1. Se considerar que foi um pênalti que provavelmente não foi e dois gols que a gente entregou, o Flamengo fez um gol.

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Fernando Diniz, Técnico do Santos, depois da derrota para o Flamengo

Não foi o resultado que a gente queria. Pessoalmente, estreando depois de tanto tempo parado, voltar e poder marcar, por mais que você tenha experiência, é sempre bom para buscar confiança. Conheço a bola. Um cruzamento perfeito, estava bem posicionado.

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Diego Costa, Atacante do Atlético-MG, após o empate com o Bragantino

A gazela tem um recurso natural dentro dela, que se safa quando o leão tenta caçá-la, ela precisa baixar a adrenalina toda porque sabe que no outro dia vai ter que correr tudo outra vez. Nós temos de fazer exatamente isso. Cada jogo para nós tem de ser uma final.

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Abel Ferreira, Técnico do Palmeiras, sobre a perseguição ao Atlético-MG

Pedro H. Tesch/AGIF

Corinthians cresce. Já gremista entra na mira do STJD

O Corinthians se consolidou no G6 do Brasileirão ao vencer um Grêmio com nervos à flor da pele. O placar de 1 a 0 em Porto Alegre deu dois pontos de vantagem sobre o Atlético-GO e sedimenta um caminho promissor para o time paulista, que tem recebido reforços nas últimas semanas. Giuliano é titular, Renato Augusto tem entrado no decorrer das partidas, Roger Guedes já foi anunciado e Willian é o próximo da fila.

O material humano para o técnico Sylvinho melhora e os resultados aparecem mesmo antes da entrada de todos em campo. O próximo passo é converter isso em um jogo mais vistoso.

Em contraste, há um Grêmio em desespero por não conseguir sair da zona de rebaixamento a uma rodada do fim do turno. Duas situações são retrato disso: revoltado pela não-expulsão do goleiro Cássio, que saiu da área e cometeu uma falta, Diego Souza tomou o cartão amarelo das mãos do árbitro Ricardo Marques Ribeiro. Como o juiz tinha outro no bolso, o atacante gremista foi advertido.

Mas o episódio mais grave se deu com Maicon. O volante gremista se revoltou com o árbitro, xingou e, segundo a súmula, acertou um tapa no braço de Ricardo Marques. Isso certamente gerará repercussão no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Segundo o procurador-geral Ronaldo Piacente, a denúncia deve ser baseada em três artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): agressão (254-A, com pena de 180 dias), ofensa (243-F, pena mínima de quatro jogos) e desrespeito (258, suspensão de um a seis jogos). Em caso de condenação, as punições serão somadas.

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Foto da rodada

Pedro H. Tesch/AGIF Pedro H. Tesch/AGIF

Curiosidades da rodada

  • E o 'título' do turno?

    Rodolfo Rodrigues fez as contas: com o monte de adiamento de jogos por causa do conflito de calendário do Brasileirão com as datas Fifa, só o Flamengo ainda pode tirar o título simbólico de campeão do turno do Atlético-MG.

    Imagem: Rodolfo Rodrigues
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  • Gordiola demitido

    O ritmo de trocas de técnico no Brasileirão continua. O demitido da vez foi Guto Ferreira, que comandava o Ceará, em oitavo lugar na Série A. A sequência mais recente era de quatro jogos sem vencer (dois empates e duas derrotas).

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Ceará
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  • Calvário da Chape

    Apesar de ter empatado com o Sport, a Chapecoense tem sete pontos e caminha para ter o pior primeiro turno da história do Brasileirão de pontos corridos com 20 clubes (desde 2006). O América-RN, em 2007, e Náutico, em 2013, viraram o turno com 10 pontos.

    Imagem: Rafael Vieira/AGIF
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  • Erro de protocolo

    O VAR errou na ordem prevista no protocolo para checagem de um lance no Juventude x São Paulo. Primeiro, Antonio Bib Moraes foi chamado à beira do campo por Caio Max Vieira para analisar um possível pênalti. Depois do tempo perdido na checagem, viu-se, com uso do árbitro de vídeo, que havia impedimento na origem.

    Imagem: CBF

A visão dos colunistas

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Gabigol não teve pena do Santos, que, se não se cuidar, vai cair

Não é novidade que o principal nome do jogo tenha sido Gabigol! O Menino da Vila passou o trator por cima de seu ex-clube. Marcou três vezes e poderia ter feito mais! O Mengão foi até piedoso com o Peixe, que precisa abrir o olho com urgência.

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Gabigol faz 'hat-trick' e Thiago Maia pede passagem no Fla

Nos dois últimos 4 a 0, contra o Grêmio e o Santos, um dado animador para os rubro-negros: quando Renato Gaúcho trocou Diego por Thiago Maia, a equipe evoluiu de forma impressionante. Como um carro que liga o turbo do motor.

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VAR da CBF passa dos limites em Juventude x São Paulo

Que o VAR-CBF é uma vergonha o torcedor já sabe. Mas pela atuação e o uso da ferramenta pela arbitragem de Juventude x São Paulo, é inevitável desconfiar de que a CBF sabota o VAR para expulsá-lo do futebol brasileiro.

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Corinthians pensa no curto prazo, mas faz time forte em torno de Jô

O Corinthians não jogou bem em Porto Alegre e nem precisou para vencer um Grêmio juntando os cacos após a Copa do Brasil. Fica a expectativa de ver o time completo e que deve ser forte com o novo quarteto de meias em torno de Jô.

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Foram bem

  • Diego Costa

    O atacante do Atlético-MG entrou no segundo tempo e estreou fazendo o gol do empate com o Bragantino, evitando que a distância para o Palmeiras caísse ainda mais.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Atlético-MG
  • Gabigol

    Fez três gols no 4 a 0 do Flamengo sobre o Santos: o primeiro foi de pênalti e os demais saíram graças ao posicionamento e à leitura de jogo dele na área.

    Imagem: Fernanda Luz/AGIF
  • Rony

    Saiu do banco para fazer o gol da vitória do Palmeiras sobre o Athletico. O gol foi de canhota, mostrando recuperação da lesão muscular no adutor.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Fabrício Daniel

    O atacante do América-MG fez os dois gols na vitória sobre o Ceará, que deixou o time mais perto de sair da zona de rebaixamento.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do América-MG

Foram mal

  • Thiago Neves

    Levou dois cartões amarelos no intervalo de quatro minutos e deixou o Sport com um a menos a partir dos 36 minutos da etapa final contra a Chapecoense.

    Imagem: Rafael Vieira/AGIF
  • Gabriel Pirani

    Apesar de um primeiro tempo relativamente bom, errou o passe na entrada da própria que "deu" a Andreas Pereira o quarto gol do Flamengo sobre o Santos.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Santos
  • Maicon

    Expulso por reclamação, apesar da experiência, comprometeu a reta final do jogo do Grêmio contra o Corinthians e pode virar desfalque a longo prazo.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Grêmio
  • Vina

    O meia-atacante veio de um ótimo jogo contra o Flamengo, mas foi ineficaz na derrota do Ceará para o América-MG, que custou o cargo de Guto Ferreira.

    Imagem: Israel Simonton / Ceará SC

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