Terceira força

Sem ganhar do Flamengo desde 2017 e vendo a distância para o Atlético-MG crescer, o Palmeiras ficou para trás?

Marcello Zambrana/Agif

Ídolo alviverde, o ex-goleiro Marcos adotou tom de resignação após a vitória do Flamengo sobre o Palmeiras, no Allianz Parque, e recorreu à seguinte análise:

"Nosso elenco é vitorioso, competitivo, esforçado, mas paramos no tempo. Tecnicamente, estamos ficando bem para trás de Flamengo e Galo. O que fazer?"

O questionamento é pertinente, sobretudo diante do cenário atual na tabela do Campeonato Brasileiro após a 20ª rodada, dos resultados recentes e da semifinal da Libertadores, que acontecerá em uma semana e meia - o Palmeiras terá o Atlético-MG como adversário.

Não se trata de descartar todo o trabalho do atual campeão da América e da Copa do Brasil. Mas quase nove meses após a conquista continental no Maracanã, o que o Palmeiras tem apresentado parece não ser suficiente para almejar o título brasileiro, conquistado pela última vez em 2018.

O time de Abel Ferreira, que tem sua parcela de responsabilidade, já fez os dois confrontos diretos com o Flamengo e perdeu ambos na atual edição do Brasileirão, chegando a nove partidas de "freguesia" no total. A temporada, inclusive, começou com a perda da Supercopa do Brasil nos pênaltis para o mesmo rubro-negro. Na tabela, o Fla ainda está um ponto atrás dos palmeirenses, mas tem dois jogos a menos.

Em relação ao Atlético-MG, o jogo do turno poderia devolver a liderança ao Palmeiras, que na ocasião chegou dois pontos atrás. Além de perder aquela partida por 2 a 0, o Palmeiras se vê hoje sete pontos atrás do Galo, que derrotou o Fortaleza nesta rodada.

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Marcello Zambrana/Agif
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Efeito da postura no mercado

O Flamengo que venceu o Palmeiras ontem (12) não teve à disposição, por exemplo, Rodrigo Caio, Diego, Bruno Henrique e Gabigol. Arrascaeta saiu machucado ainda no primeiro tempo, e o zagueiro David Luiz estava em um camarote um dia depois de ser anunciado como reforço. Só pelas ausências dá para notar o contraste em relação à montagem do elenco do Palmeiras e a política de contratações entre os dois times.

Isso abriu brecha para um tom de lamento do técnico Abel Ferreira a respeito do jogo contra o Flamengo e as alternativas que Renato Gaúcho teve à disposição para levar a melhor no "xadrez" à beira do campo.

"Para mim, não há reservas. Há um elenco. Nós temos o nosso. Reforçamos com aquilo que achamos que tínhamos que reforçar, com as nossas possibilidades. E nosso adversário também. É um elenco contra o outro. Uma equipe não se resume a 11. Acho que temos que ter dois jogadores do mesmo nível para a mesma posição. Falemos de Michael e Bruno Henrique. Pedro substituiu o Gabigol, fez uma finalização durante o jogo, e o futebol é isso. Futebol é eficácia".

A disparidade recente também é verdadeira quando se trata do Atlético-MG de Hulk, Nacho Fernandéz e Diego Costa. O investimento do ano passado para cá foi impulsionado pela grana de Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador, em uma relação que remete ao mecenato.

O Palmeiras, embora apoiado pela Crefisa, teve como principais acréscimos na janela de meio de ano jogadores que voltaram de empréstimos, como Dudu e Deyverson. A diretoria só gastou dinheiro para trazer Piquerez para o lugar do lateral-esquerdo Viña, além de fechar com Jorge e Matheus Fernandes. Centroavante? Vai com o que já tem.

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Todo grande jogador tem espaço no nosso grupo. Quanto mais forte, mais possibilidade de conquistar. Quanto mais chegarem para fortalecer, ótimo. Mas o grupo do Flamengo é muito bom. Maior prova é nos últimos jogos. Com muitos desfalques, pessoal tem dado conta do recado. É assim que eu gosto.

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Renato Gaúcho, Técnico do Flamengo

O Flamengo tem dois jogos a menos e se eles vencerem essas duas partidas encostam. Em contrapartida, a gente vem numa sequência muito boa de dez vitórias e dois empates, o que é muito difícil nesse campeonato. Mas eu não diria que é só o Flamengo adversário. O Palmeiras é adversário.

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Cuca, Técnico do Atlético-MG

Fabio Menotti
Palmeiras renovou com a Crefisa até 2024

A conta fecha?

Dá para discutir quais dos três tem sido o mais responsável com as finanças. Mas não é que o Palmeiras esteja em crise. No primeiro semestre de 2021, o superávit foi de R$ R$ 60,6 milhões - embora o mês de junho, sozinho, tenha trazido um prejuízo de R$ 7 milhões.

Ainda no primeiro semestre, o Flamengo registrou saldo positivo de R$ 166 mil, em recorte anterior à venda de Gerson para o Olympique de Marselha, que trará um cenário melhor para o próximo balancete. O jogador saiu por 25 milhões de euros (R$ 155 milhões). Para efeito contábil, isso é lançado na íntegra no balanço de 2021. Para efeito caixa, que é quando as parcelas, de fato, caem na conta bancária do clube, a estimativa é que 5 milhões de euros (R$ 31 milhões) estejam à disposição neste ano.

O Atlético-MG, por sua vez, divulgou que chegou a R$ 49,2 milhões de superávit no primeiro semestre. E fez uma conta que joga lá para cima o valor de ativos no elenco. Entre dezembro de 2020 e junho de 2021, o clube conta que houve um aumento de 48% no valor de mercado do plantel.

É preciso uma explicação para esses números em um ano no qual os estádios seguem fechados nas competições nacionais e há perda de bilheteria: como a temporada 2020 invadiu 2021, os números estão turbinados por parcelas de direitos de TV que entrariam no ano passado, além das premiações, como da própria Libertadores vencida pelo Palmeiras.

Estar nas semifinais da competição continental é uma boa notícia para os três em termos esportivos e financeiros - mas isso ainda não aumenta a distância entre eles. O Palmeiras, no entanto, já foi eliminado da Copa do Brasil, enquanto Flamengo e Atlético-MG seguem nas quartas de final da competição.

A visão dos colunistas

Uol

Fla dá prova de força. Abel tem muito a explicar

Os títulos da temporada passada e a vaga na semifinal da Libertadores sustentam o trabalho, mas há motivos de sobra para criticar o rendimento coletivo e as escolhas do português. Mesmo sem contratar como Fla e Galo, é obrigação produzir bem mais. Outra vez falhou miseravelmente.

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Uol

Abel analisa bem, mas precisa de soluções

O português apontou pontos cruciais, chamou de primário o erro ao sofrer o empate e chamou a atenção para a queda de desempenho de sua defesa. Mas será que ele consegue resolver? Pedir a saída de Abel é loucura, mas cobrá-lo por coisa melhor depois de 15 dias de treino é pertinente.

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UOL

Palmeiras é carta fora do baralho no Brasileiro

O Flamengo vai deixando claro que só ele poderá fazer "cócegas" no Galo, embora o time mineiro siga líder e deverá confirmar seu favoritismo para ganhar esse Brasileirão após 50 anos. O Verdão tomou a virada rubro-negra e já dá sinais de que não terá fôlego para brigar até o final.

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Uol

Por isso que o Fla adora jogar contra o Palmeiras

Completo, contra o rival sem Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta, o Verdão chegou a um momento do jogo no qual tinha a faca e o queijo na mão para encerrar a escrita sem vencer os cariocas. Se duvidar, a direção do Fla pedirá à CBF para marcar mais jogos contra o Palmeiras.

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MOURãO PANDA/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

Lados opostos na questão do público

Na política esportiva, Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras não têm caminhado juntos. Embora tenham participado do bloco inicial de clubes que se dispuseram a criar uma liga para organizar o Brasileirão, eventos mais recentes acirraram a rivalidade fora de campo. O Flamengo ficou em um extremo, o Palmeiras em outro, enquanto o Atlético-MG passeou por ambos os lados no que diz respeito à presença de público nos estádios em competições nacionais. Essa disputa, inclusive, continua em pauta nas próximas semanas, pois há uma disputa em curso no STJD.

O Flamengo quer colocar público de todo jeito e não quer esperar que os demais clubes consigam liberação nas respectivas cidades. Por isso, conseguiu uma liminar no STJD para garantir a presença de torcida em seus jogos como mandante - independentemente do que a CBF ou o conselho técnico da Série A decidir.

O Atlético-MG conseguiu uma decisão semelhante. No entanto, no começo da semana, chegou a se aliar ao Palmeiras ao dizer que faria parte do bloco de 19 clubes que iria ao STJD para tentar derrubar a liminar do Fla. Além disso, a diretoria atleticana disse que não se valeria da liminar a seu favor.

Na hora H, isso não se confirmou. A Prefeitura de Belo Horizonte voltou a liberar torcida nos estádios, como fizera para o duelo contra o River Plate, pela Libertadores. O Atlético-MG acabou não assinando o documento enviado ao STJD contra o Flamengo, que teve articulação ativa do jurídico do Palmeiras. Em São Paulo, a liberação de público só deve ocorrer em novembro.

No que depender da Prefeitura do Rio, na próxima rodada, contra o Grêmio, o Flamengo terá torcida.

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Os gols de Palmeiras x Flamengo

Kely Pereira/AGIF
Junior Alonso, do Atlético-MG, comemora o gol sobre o Fortaleza de Ederson e Felipe Alves

E quem vem atrás?

Embora o Palmeiras tenha perdido força na disputa com o Atlético-MG e o controle de atrapalhar a ascensão do Flamengo, é difícil imaginar que o bloco de que vem depois possa atrapalhar o Verdão a ponto de comprometer seu lugar no top-3.

O Fortaleza está em uma maré de instabilidade, apesar do ótimo turno que fez sob o comando do técnico Juan Pablo Vojvoda. São cinco jogos sem vencer no Brasileirão, sendo três empates e duas derrotas. Foram desperdiçadas muitas chances de passar o Palmeiras, e a distância é de dois pontos.

Com três pontos a menos que o Palmeiras, o Red Bull Bragantino foi outro que teve boa largada no Brasileirão, chegou a ser líder, mas já perdeu lugar no G4. Nesta rodada, conseguiu a façanha de perder em casa para a lanterna Chapecoense, que passou o primeiro turno inteiro sem ganhar de alguém. Artur chegou a abrir o placar, em comemoração que rendeu a foto da rodada (veja abaixo). Mas o time do interior paulista levou a virada aos 49 minutos do segundo tempo.

O Corinthians, pelos reforços, pode fazer um segundo turno promissor, mas ainda patina. O empate com o Atlético-GO é uma prova disso - em que pese ter ficado sem Willian de última hora por causa de uma determinação tardia da Anvisa sobre quarentena para quem veio da Inglaterra. O Timão também não teve Renato Augusto e Jô, em uma rodada marcada por desfalques em diversos times, e ficou seis pontos atrás dos palmeirenses.

Foto da rodada

Marcello Zambrana/AGIF Marcello Zambrana/AGIF

Peitada no juiz e expulsão

O meia-atacante Clayson, do Cuiabá, foi para cima do árbitro Caio Max Ribeiro após levar o segundo amarelo e ser expulso no jogo contra o Juventude. E olha que o time do Mato Grosso venceu e agora está em oitavo. Indignado, o jogador deu uma peitada no juiz, que relatou o episódio na súmula, citando os xingamentos que ouviu. O caso vai para o STJD.

"A meu ver, é inconcebível que um atleta encoste no árbitro. Uma peitada pode ser considerada como agressão e a pena é suspensão por 180 dias. Como ela é pesada, os auditores, dependendo do caso, acabam aplicando o artigo que trata de desrespeito à equipe de arbitragem, que dá suspensão de até seis partidas", explicou ao UOL Esporte o procurador-geral do STJD, Ronaldo Piacente.

Na súmula, o árbitro disse: "Cabe ressaltar que me senti ofendido pela peitada e palavras desferidas pelo atleta expulso. O mesmo foi contido mais uma vez por membros da sua equipe, sendo retirado do campo de jogo". O delegado da partida ainda informou que Clayson chutou a porta do vestiário.

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Foram bem

  • Michael

    Desequilibrou a favor do Flamengo contra o Palmeiras, marcando dois gols. Foi um perigo constante porque teve campo para contra-atacar e usar a velocidade e os dribles.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Flamengo
  • Lucas Kal

    O zagueiro que tem atuado improvisado como volante no América-MG fez um dos gols e foi crucial na vitória sobre o Athletico. O resultado de 2 a 0 deixou o time mais perto de sair do Z4.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do América-MG
  • Ferreirinha

    Insinuante pelo lado esquerdo do ataque do Grêmio, fez o segundo gol da vitória sobre o Ceará. Ele estava há 11 jogos sem balançar as redes.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Grêmio
  • Luiz Henrique

    Deixou Miranda na saudade e fez o gol da vitória do Fluminense sobre o São Paulo, no Maracanã. Melhorando com Marcão, o tricolor se aproximou do G6.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fluminense

Foram mal

  • Marcos Rocha

    O lateral-direito do Palmeiras fez um jogo muito ruim e teve "contribuição" em dois dos três gols do Flamengo. Michael deu muito trabalho a ele.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Palmeiras
  • Miranda

    Voltando da seleção, perdeu na corrida para Luiz Henrique no gol do Fluminense e ainda levou o terceiro amarelo que o deixa suspenso no próximo jogo.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do São Paulo
  • Jael

    O atacante teve uma atuação cruel para o próprio time. Inoperante na derrota do Ceará para o Grêmio. Não deu um chute a gol.

    Imagem: Reprodução/Twitter
  • Robson

    Um dos vice-artilheiros do Brasileiro, ele não faz um gol desde 7 de agosto e teve mais uma atuação ruim na derrota do Fortaleza para o Atlético-MG.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fortaleza

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