Fora da curva

Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo tropeçam juntos no Brasileirão, mas a explicação vai além do foco na Liberta

Ettore Chiereguini/AGIF

Dá para classificar como incomum uma rodada do Brasileirão em que Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo tropeçam juntos. Mineiros e cariocas empataram, enquanto o paulista perdeu o clássico para o Corinthians. Esta foi a segunda vez que esse alinhamento de resultados sem vitória dos três principais candidatos ao título aconteceu — a outra foi na 17ª rodada.

Não é coincidência que a falta de bons resultados tenha acontecido justamente no fim de semana que antecede os jogos de volta das semifinais da Libertadores, nos quais os três times estão envolvidos. Houve uma precaução com os confrontos decisivos do meio de semana. Mas é possível dar contextos diferentes aos pontos perdidos por aqueles que projetam o título brasileiro.

O Atlético-MG está confortável. Foi a primeira vez desde a sétima rodada, na derrota para o Santos, que o time de Cuca deixou um jogo da Série A sem balançar as redes. Olhando para a Libertadores também, foi o segundo jogo seguido sem marcar — se mantiver a seca na terça-feira, contra o Palmeiras, não chegará à final da Libertadores.

De todo modo, no contexto do Brasileirão, o Galo viu a diferença de pontos para o Palmeiras subir para oito pontos. O Atlético-MG chegou ao quarto empate no campeonato, sendo três deles atuando fora. Nos pontos corridos, é até bom negócio.

Mas respirar aliviado? Ainda não.

"Eu não atiro a toalha ao chão", avisou Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.

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Ettore Chiereguini/AGIF
Marcello Zambrana/AGIF

As amarras palmeirenses e o conforto do Galo

A questão que aflige o Palmeiras no momento é ter alguém que vá desequilibrar os jogos a seu favor. Por mais que a estratégia de Abel Ferreira, dependendo do adversário, encaixe a ponto de o time criar mais oportunidades — como foi no clássico contra o Corinthians —, o Palmeiras tem sentido falta de eficiência e alguém com esse DNA definidor.

No Atlético-MG, Hulk cumpre esse papel e não por acaso é um dos vice-artilheiros do Brasileirão, com oito gols. Mas não é infalível, como a perda do pênalti na semifinal da Libertadores e o baixo rendimento contra o São Paulo mostraram. Por ora, ele ainda fica sem o novo parceiro, Diego Costa, machucado.

O ponto é que no Palmeiras as estratégias de sucesso recente têm perdido força. Contra o próprio Atlético-MG, na Libertadores, a transição em velocidade não aconteceu — até pelas faltas "táticas" do time de Cuca. E aí o Verdão ficou preso nas amarras que o impediram de vencer em casa. Contra o Corinthians, o volume de jogo não trouxe resultado.

"Futebol é isso, ele penaliza quem não faz gols. Não adianta dizer que fizemos bom jogo, que chutamos 16 vezes e eles oito, no fim o adversário ganhou", pontuou o técnico Abel Ferreira, alegando que a vitória do Corinthians saiu graças a uma jogada individual de Roger Guedes.

Mas há um detalhe envolvendo a outra ponta do time: a defesa. A análise fria dos números da Série A até o momento traz o Palmeiras com um gol a mais do que o Atlético-MG (33 a 32) — o Flamengo tem o melhor ataque, com 36. Só que a defesa palmeirense cedeu 25 gols, contra 13 da atleticana.

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Nesse campeonato, quando você sai como visitante, se não puder ganhar, levar um ponto para casa é, de repente, um ponto que você abre na rodada. E lá na frente pode fazer a diferença. Você jogar seis pontos com o São Paulo e somar quatro? É bom! Se fizerem essa oferta quando o campeonato começar, você vai aceitar.

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Cuca, Técnico do Atlético-MG

Fernando Moreno/AGIF

Renato Gaúcho vai 'largar' o Brasileiro?

O Flamengo luta em três frentes na temporada 2021. Mas a distância na qual se encontra em relação ao Atlético-MG no Brasileirão já traz à tona um filme repetido envolvendo Renato Gaúcho. Pelo Grêmio, o técnico se notabilizou por ser um "leão" de mata-mata, mas sem conseguir passar perto do título da Série A.

Renato vai ter que contrariar seu histórico. Olhando como os times treinados por ele concluíram a 22ª rodada das respectivas edições de Brasileiros recentes, ainda havia, sim, motivo para brigar pelo topo. Mas o que se viu foi a diferença aumentar em relação a quem liderava a corrida pela taça.

Hoje, o Flamengo está 11 pontos atrás do líder, com o desconto de ter dois jogos a menos — e até caiu de terceiro para quarto, após a vitória do Fortaleza sobre o Sport. Projetando vitórias nas duas partidas adiadas, a distância para o Galo cairia para cinco pontos.

Adotar a estratégia de abdicar do Brasileirão não deve ser muito bem-vinda para um time que é o atual bicampeão. O técnico assegura que ainda não chegou a esse ponto:

Não vamos deixar qualquer competição de lado. O Flamengo está disputando três competições dificílimas. O Flamengo montou um plantel forte para disputar as três competições. Onze pontos são uma boa vantagem, mas tem muita coisa para acontecer".

Outro aspecto grave no Fla atual é a queda no padrão de jogo apresentado, ainda que trate as partidas com relevância. Taticamente, o Fla mostra degradação. Perder as rédeas tem se tornado algo comum, como foi no empate com o América-MG.

"Falta de malandragem", classificou Renato Gaúcho.

Campanhas recentes de Renato Gaúcho no Brasileirão - Editoria de arte (750x421)
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A visão dos colunistas

Uol

Erro do Fla no Brasileiro não é poupar: é a mentalidade

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Bem, e a sensação que o Flamengo tem nos passado nos últimos jogos é de que o trabalho de Renato Gaúcho, que começou como um foguete no Ninho do Urubu, já "bateu no teto". Assim o Rubro-Negro não chegará perto do Atlético-MG nunca!

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Perna de Renê e cabeça de Renato não estavam boas

Inúmeros rubro-negros culpam Renato Gaúcho pela decisão de poupar praticamente todos os titulares para a semifinal da Libertadores. Sim, dessa vez, ele tem culpa no cartório. Mas nem acho que seu maior erro tenha sido esse.

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Paulo Paiva/AGIF

Provável adeus aos jogos sem torcida

A 22ª rodada do Brasileirão muito provavelmente será a última sem a presença de torcida nos estádios. A confirmação deve vir em uma reunião entre clubes e CBF na terça-feira (28). O acerto mais recente entre os dirigentes foi de permitir a presença de público a partir da 23ª rodada se 100% das praças recebessem o aval das autoridades locais.

Depois de briga intensa entre o Flamengo e os demais, que envolveu decisões do STJD e ameaça de suspensão de rodada, as negociações avançaram. São Paulo foi um dos estados que receberam aval nos últimos dias para a presença de torcida.

A última capital que ainda demanda confirmação é Salvador, mas há um pedido nas mãos da Secretaria de Saúde da Bahia e a resposta deve ser dada pode sair hoje ou amanhã (28).

Fazer jogos sem torcida teve impacto nas finanças dos clubes por causa da perda de bilheteria e queda no sócio-torcedor. Mas manter as competições em curso foi crucial para que os clubes recebessem as verbas de direitos de transmissão, fonte mais significativa de receita recorrente.

A perspectiva de volta do público traz também uma esperança de ganho técnico. Os quatro integrantes do G4 atual — Atlético-MG, Palmeiras, Fortaleza e Flamengo — contam com torcidas apaixonadas, que historicamente fizeram a diferença nos jogos sob seus domínios.

Na edição atual, o Flamengo é quem tem menor aproveitamento como mandante entre eles: conquistou 60% dos pontos e sofreu quatro derrotas. O Atlético-MG é o melhor mandante, com 81% de aproveitamento, enquanto o Fortaleza tem 70%. Na sequência, aparecem Palmeiras e Ceará, que conquistaram 66,7% dos pontos em disputa.

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Detalhes do Brasileirão

Reprodução/Globo

Essa doeu!

A equipe de arbitragem do Inter x Bahia foi atingida por uma placa colocada no campo para exibir o patrocinador que detém os naming rights do Brasileirão. O principal prejudicado foi o auxiliar Rodrigo Figueiredo.

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Fernando Moreno/AGIF

Troca na zona

Com o empate do América-MG e a derrota do Bahia, houve mudança na zona de rebaixamento. O tricolor baiano agora está entre os quatro últimos colocados, ao lado de Grêmio, Sport e Chapecoense.

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Imagem da rodada: o recordista

Lucas Merçon/Fluminense Lucas Merçon/Fluminense

O gol marcado aos 11 minutos do primeiro tempo contra o Red Bull Bragantino, no Maracanã, foi histórico para o atacante Fred. Ele se tornou o segundo maior artilheiro da história do Brasileirão, com 155 gols. O atacante tricolor ultrapassou Romário.

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Os gols que você (muito provavelmente) não viu

O Athletico venceu o Grêmio por 4 a 2 na Arena da Baixada

Foram bem

  • Roger Guedes

    Fez dois belos gols na vitória do Corinthians sobre o Palmeiras. Lei do ex e um gostinho especial para quem já passou por um trote pesado no treino quando defendia o lado verde do Dérbi.

    Imagem: Ettore Chiereguini/Ettore Chiereguini/AGIF
  • Pedro Rocha

    Foi um dos protagonistas, também com dois gols, da vitória do Athletico sobre o Grêmio -- mais um à base da lei do ex. A atuação dele no primeiro tempo condicionou o jogo a favor do time paranaense.

    Imagem: Robson Mafra/Robson Mafra/AGIF
  • Luiz Henrique

    A joia do Fluminense mais uma vez mostrou serviço. Fez um golaço contra o Red Bull Bragantino, levou perigo e é responsável pelo que o time tem de melhor atualmente em termos ofensivos.

    Imagem: Thiago Ribeiro/Thiago Ribeiro/AGIF
  • Yuri Alberto

    Protagonista na vitória colorada sobre o Bahia por 2 a 0. A contribuição recorrente do atacante -- são sete gols no Brasileiro -- tem sido crucial para reduzir a distância para o G6, com apoio de Edenilson.

    Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Foram mal

  • Patrick de Paula

    Atuação abaixo da média e do potencial que ele tem. As falhas na marcação e de posicionamento levaram Abel Ferreira a tirá-lo ainda no intervalo do clássico contra o Corinthians.

    Imagem: GLEDSTON TAVARES/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Renê

    O lateral-esquerdo do Flamengo sofreu na marcação, até pela sobrecarga do América-MG no seu setor, e ainda falhou no lance derradeiro, que gerou o empate do adversário nos acréscimos.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Flamengo
  • Rafinha

    Teve parcela de culpa em três dos quatro gols que o Grêmio levou diante do Athletico. O lateral-direito ficou devendo, o que é preocupante diante da experiência que tem e do papel no elenco gremista.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Grêmio
  • André

    No combalido ataque do Sport, ele ficou devendo mais uma vez, agora na derrota para o Fortaleza. Teve duas boas chances no primeiro tempo, mas perdeu. O time tem 8 gols no campeonato inteiro.

    Imagem: Paulo Paiva/AGIF

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