Na veia

Gol de Jean Pyerre segura líder Palmeiras, é guinada após câncer e reforça estatística de falta no Brasileirão

Igor Siqueira Do UOL, no Rio de Janeiro R.Pierre/AGIF

Uma batida seca, que não viajou muito e ainda explodiu na trave antes de entrar. A bela cobrança de falta resultou no gol de Jean Pyerre pelo Avaí contra o Palmeiras e trouxe alguns significados relevantes para o contexto pessoal do jogador e o da 14ª rodada do Brasileirão.

Quase cinco meses atrás, no começo de fevereiro, Jean Pyerre se deparava com um diagnóstico de câncer no testículo que frustrou uma transferência por empréstimo para a Europa. Ontem (26), ele comemorou o primeiro gol pelo Avaí, em um processo de busca pela consolidação no time catarinense.

O meia de 24 anos ainda não fez um jogo completo neste Brasileirão. Como ontem, só tem somado entradas durante o segundo tempo, intercaladas por um processo de recuperação de lesões musculares. Mas pelo menos o gol veio.

Mesmo se não tivesse autoria de Jean Pyerre, uma cobrança certeira de falta, por si só, já lançaria luz sobre um aproveitamento que começa a ser promissor nesta edição do Brasileiro. Foi o oitavo gol de falta na competição em 14 rodadas — ano passado, foram 20 em 38 rodadas.

Foi também o gol de empate contra o líder do Brasileirão, um Palmeiras que chegou a virar o placar, mas deixou pontos para trás na Ressacada. Mesmo assim, o time de Abel Ferreira manteve a vantagem sobre o segundo colocado, o Corinthians.

Em uma rodada sem vitórias de clubes paulistas — os quatro grandes empataram e um perdeu, o Red Bull Bragantino —, o enredo de superação vale para o goleiro Matheus Cavichioli, do América-MG: foram seis meses sem jogar após diagnóstico de um problema no coração, tratado com cirurgia.

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R.Pierre/AGIF

Eu enfrento muita coisa, muita luta e estava incomodado porque algumas pessoas estavam falando como se eu não quisesse jogar. As pessoas não sabem da nossa luta, não sou nenhuma vítima, mas todos nós temos nossas lutas. Empate importante porque poucas equipes irão tirar pontos do Palmeiras. É trabalhar para me livrar dessas lesões e poder ter uma sequência de jogos.

Jean Pyerre, Meia do Avaí

Os gols de Avaí x Palmeiras

R.Pierre/AGIF

Como Jean Pyerre foi parar ali

Jean Pyerre já estava na Turquia, prestes a assinar contrato com o Giresunspor. Era um meio de deixar para trás, durante uma temporada e meia, os ares carregados do Grêmio, depois do rebaixamento. O rendimento dele, assim como de todo time, tinha caído muito no ano passado. Era preciso uma guinada.

Aí veio a notícia do tumor no testículo. A incerteza inerente a um diagnóstico como esse se juntou à esperança que os médicos apresentaram desde o início. O futebol precisou ficar de lado por um instante.

Duas semanas depois, veio a cirurgia. Dois meses depois, em 11 de abril, o empréstimo para o Avaí, que conseguiu o acesso em 2021 para voltar à Série A. O Grêmio assumiu a dívida devida com o jogador, mas não ampliou a duração do contrato, que vai até dezembro de 2023.

Em maio, na quarta rodada, veio a estreia — meia hora de jogo, logo diante do Internacional. O enredo foi parecido nas duas partidas seguintes, contra Coritiba e Juventude. Mas uma lesão muscular na parte posterior da coxa o tirou dos dois jogos seguintes (Athletico e Atlético-MG).

Contra o São Paulo, uma nova tentativa: 35 minutos em ação e reincidência da lesão. Então, 20 dias e quatro jogos se passaram até que ele entrasse de novo em campo, contra o Palmeiras.

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Maxi Franzoi/AGIF

O papel dos colegas e da comissão

Ele comprou a ideia do grupo".

A impressão que Jean Pyerre tem deixado no Avaí até agora é das melhores, apesar das dificuldades físicas. A amostra, pelo que conta o presidente Júlio César Heerdt, é baseada na convivência nesses últimos meses e como o meia tem reagido diante das lesões.

"Quando começou a ganhar minutos, teve contusão. Fez a recuperação. E teve uma reincidência, não baixou a cabeça. Quando fomos enfrentar o Fluminense, a gente viajou sábado, domingo e teve folga segunda. Mas ele treinou nos três dias", diz o dirigente ao UOL.

No elenco, há alguns jogadores ex-Grêmio, como o lateral-esquerdo Cortez e o zagueiro Bressan, que ajudaram na adaptação.

Segundo o presidente do Avaí, Jean Pyerre é acompanhado de perto por profissionais de diversas áreas do clube, como fisioterapia, preparação física, médicos e, claro, o técnico Eduardo Barroca e os auxiliares de campo. Em decorrência do longo período de afastamento, análises detectaram desequilíbrio de força em algumas partes do corpo de Jean Pyerre. E isso tem demandado um trabalho específico.

O trabalho de bolas paradas, que já resultou em dois gols de falta para o Avaí, tem a condução mais próxima do ex-meia Marquinhos, que já foi gerente de futebol do clube e atualmente é um dos assistentes de Barroca.

"Ele tem que entender que é querido, bem recebido. O gol foi um prêmio pelo trabalho que ele, o pessoal da fisioterapia e toda equipe por trás estão fazendo. Ele é um exemplo de superação", completou Júlio César Heerdt.

Quem já fez gol de falta no Brasileirão 2022

  • Róger Guedes (Corinthians)

    No empate em 1 a 1 contra o Athletico, na Arena da Baixada.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Hyoran (Red Bull Bragantino)

    Abriu o placar na vitória por 4 a 2 sobre o Coritiba.

    Imagem: LEONARDO SGUACABIA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Nino Paraíba (Ceará)

    Gol de empate acréscimos contra o Flamengo.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Ceará
  • Valdivia (Cuiabá)

    Abriu o placar no 1 a 1 contra o Internacional.

    Imagem: AssCom Dourado / Cuiabá Flickr
  • Nacho Fernández (Atlético-MG)

    Gol do empate por 1 a 1 contra o Red Bull Bragantino.

    Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG
  • Patrick de Paula (Botafogo)

    Gol da vitória por 2 a 1 sobre o Fortaleza.

    Imagem: Vitor Silva / Botafogo
  • Kevin (Avaí)

    Gol da vitória sobre o Botafogo.

    Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF
  • Jean Pyerre (Avaí)

    Gol do empate por 2 a 2 contra o Palmeiras.

    Imagem: Reprodução
Jorge Rodrigues/AGIF

Melhor média de gols de falta desde 2018

Com os oito gols de falta nas 14 rodadas disputadas até aqui, a média de bolas na rede neste fundamento é, por ora, a melhor desde o Brasileirão 2018. Após os jogos do fim de semana, o número é de 0,57 gol de falta por rodada.

O número é ligeiramente superior à média de 0,53 do Brasileirão 2021, que teve 20 gols de falta em 38 rodadas. Em 2020, foram 16. Em 2018, foram 27 gols de falta, o que dá uma média de 0,71.

Gols de falta no Brasileirão (média)

2022 - 8 (0,57)
2021 - 20 (0,53)
2020 - 16 (0,42)
2019 - 19 (0,50)
2018 - 27 (0,71)
2017 - 29 (0,76)
2016 - 17 (0,45)
2015 - 29 (0,76)
2014 - 27 (0,71)
2013 - 46 (1,21)
2012 - 36 (0,95)

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A visão dos colunistas

Lucas Lima/UOL

Botafogo de Luís Castro parecia o de Enderson

Claro que essa não deverá ser a postura do time quando o português estiver mais avançado em seu trabalho, é um time ainda em construção. Mas, na derrota para o Fluminense, parecia o time de Enderson Moreira e outros técnicos brasileiros.

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UOL

Palmeiras estava de ressaca no primeiro tempo

Na Ressacada, o Palmeiras parecia jogar de ressaca. Lento, chegando atrasado, cometendo erros bobos, operando totalmente abaixo da sua capacidade. Vocês sabem como é. A gente parece que passa o dia inteiro meio estragado.

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Arquivo pessoal

Ganso fez poesia com a bola nos pés e até sem ela

Ganso é o mais habilidoso jogador em atividade no futebol brasileiro. Meia clássico, de toque certeiro, que se coloca em campo com inteligência rara. Um toque na bola e ele transgride tudo. Contra o Botafogo, executou quase toda sua cartilha.

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Só acreditei porque vi

ALESSANDRA TORRES/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Gabigol perdendo pênalti

Ele já tinha aberto o placar diante do América-MG. E tinha nos pés a chance de ampliar. Mas Gabigol chutou para fora o pênalti. Agora, nesse fundamento, ele tem 32 cobranças certeiras pelo Flamengo e três erros.

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Thiago Ribeiro/AGIF

O gingado do Manoel

O zagueiro do Fluminense bailou e fez um golaço diante do Botafogo e assegurou a vitória no clássico. Após receber na área, o drible de corpo tirou um zagueiro e o goleiro Gatito . Aí, foi só chutar e correr para o abraço.

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Recadinhos da rodada

Estava 1 a 0, gol meu. Erro pênalti e sou vaiado. Completei o álbum, todas as torcidas do Brasil me vaiaram. [Relação com torcida?] Briga, mas dorme junto. Fala a verdade: quando briga, depois faz amor mais gostoso.

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Gabigol, Atacante do Flamengo, sobre torcida durante a vitória diante do América-MG

Vamos tentar chegar vivos no dia 18 em todas as competições. Vamos tentar sobreviver, este é o grande desafio. Se não sobreviver, não adianta ter um elenco de 35 se você jogar apenas um campeonato.

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Rogério Ceni, Técnico do São Paulo, após o empate por 0 a 0 com o Juventude

No segundo tempo, mudou a pegada, criamos vergonha na cara. A gente falou que até não poderia virar o jogo, mas teríamos atitude diferente.

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Everson, Goleiro do Atlético-MG, sobre a mudança de postura na virada diante do Fortaleza

MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE FC Luiz Henrique se despede da torcida do Fluminense após a vitória sobre o Botafogo; atacante vai jogar no Betis, da Espanha

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Foram bem

  • Pedro Raul

    O atacante do Goiás vem escalando a lista de artilheiros do Brasileirão. Marcou diante do Cuiabá, na vitória por 1 a 0, e chegou ao sétimo gol na competição.

    Imagem: Heber Gomes/AGIF
  • Hugo Moura

    O volante fez um golaço de fora da área na ótima atuação do Athletico diante do Bragantino. Foi o autor do quarto gol da vitória por 4 a 2 na Arena da Baixada.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Athletico
  • Santos

    Ótima notícias para o Flamengo e a volta e a atuação do goleiro diante do América-MG. Ótimas defesas e um lançamento que gerou o primeiro gol da vitória por 3 a 0.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Flamengo
  • Rubens

    O meia fez o primeiro gol da reação do Atlético-MG sobre o Fortaleza e foi uma das mudanças no time que deram nova cara ao Galo no segundo tempo.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Atlético-MG

Foram mal

  • Cleiton

    O goleiro falhou em dois dos quatro gols que o Red Bull Bragantino sofreu diante do Athletico. O mais clamoroso foi ter deixado a bola escapar em um chute meio fraco.

    Imagem: ARI FERREIRA/RB BRAGANTINO
  • Matheus Jussa

    O volante do Fortaleza entrou aos 48 minutos do segundo tempo contra o Atlético-MG, tocou duas vezes na bola e fez o gol contra que gerou a derrota do time. Que fase.

    Imagem: Divulgação/Site oficial do Fortaleza
  • Gustavo Gómez

    O capitão do Palmeiras fez um pênalti bobo diante do Avaí, que gerou o primeiro gol do time catarinense, com Bissoli. Trombada na linha de fundo completamente evitável.

    Imagem: Marcello Zambrana/AGIF
  • Chay

    O meia do Botafogo representou um time amplamente dominado pelo Fluminense, que não conseguiu reter a bola e nem se organizar para sair em contra-ataques.

    Imagem: ANDRÉ FABIANO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

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