Apertem os cintos porque vem aí muita turbulência. Parte, Trem Bala..."
É desse jeito — já convocando o público para as polêmicas — que o apresentador Alan Neto abre toda edição do "Trem Bala", programa esportivo exibido pela TV Ceará na hora do almoço. Já são dez anos no ar, e é possível que você, mesmo que não more no Nordeste, já tenha visto na internet pelo menos trechinhos de alguma discussão em que um comentarista manda o outro calar a boca ao vivo.
Se fosse um programa normal o apresentador deveria fazer o papel do bombeiro nessa hora, mas o Trem Bala não é uma atração convencional. Como um maestro, Alan Neto entra no meio da gritaria com seu bordão "olha o dedo", que visa estimular mais baixaria num tom teatral e cômico, divertindo e rompendo fronteiras para além das torcidas de Ceará e Fortaleza.
O Trem Bala começou a ser exibido pela TV O POVO em março de 2011 depois de alcançar sucesso no rádio, com seu estilo de deboche exagerado depois das derrotas dos times cearenses e empolgação igualmente exagerada nas vitórias. Em 2017 se mudou para a TV Ceará, a emissora pública do Estado, afiliada da paulista TV Cultura. Já durante a pandemia, a transmissão passou a acontecer simultaneamente no YouTube — e as coisas saíram do controle.
"Um dia chegamos na redação e alguém disse: 'nossa, o Magno Navarro imitou a gente no SporTV'. Aí outro dia: 'viram o vídeo do Casimiro sobre o programa com 200 mil visualizações?'. No outro: 'olha só, convidaram o Homem Mau para o Danilo Gentili'. E foi repercutindo, alcançando pessoas e lugares que nunca imaginamos", diz Germana Pinheiro, editora e comentarista do programa que furou a bolha do futebol nordestino para ser um dos queridinhos de quem curte TV esportiva no país.