Herói imperfeito

Principal nadador do Brasil hoje, Bruno Fratus mostra do lado autêntico ao mais frágil, quando teve depressão

Demétrio Vecchioli Do UOL, em São Paulo Buda Mendes/Getty Images

Quando ainda era só um garoto assistindo pela TV as grandes competições nas quais um dia brilharia, Bruno Fratus torcia por Fernando Scherer, o Xuxa, contra Gustavo Borges. "Ainda que ninguém falasse nada, eu sabia que o Gustavo era o bom moço e, o Xuxa, o bad boy. E eu era louco pelo careca, achava ele muito legal."

Para entender o nadador que há dez anos seguidos termina a temporada entre os dez mais rápidos do mundo, é preciso entender seus ídolos. "Eu sempre torci para o anti-herói. Nunca torci para o Super Homem, sempre torci para o Batman, que é o cara que nasceu sem superpoder e foi construído."

Fratus parece de fato um personagem de uma história em quadrinhos na qual a moralidade ambígua é parte intrínseca ao herói, um ser humano com qualidades excepcionais e defeitos comuns. É o primeiro a mandar WhatsApp para um garoto que fez um bom resultado numa competição juvenil, mas diz, "brincando", que ainda não apareceu "nenhum macho" para tirá-lo dos Jogos de Tóquio, ano que vem, ou mesmo de Paris, em 2024. O primeiro lugar da seletiva será dele, e os outros que briguem por uma segunda vaga.

Nessa entrevista, Bruno se apresenta. Conta que se arrepende de nunca ter somado forças com Cesar Cielo, explica a decisão de ter a esposa como treinadora e revela que ainda não chegou ao seu objetivo: "O infinito, além, o estrelato".

CHRISTOPHE SIMON/AFP

Assista à entrevista completa

Eu sou o Bruno, eu sou desse jeito, eu sou humano para cacete. Eu tenho falhas, mas tenho qualidade também. Se você gostar do Bruno, o Bruno é esse

Bruno Fratus , sobre a personalidade forte e o jeito de ser

FERENC ISZA/AFP FERENC ISZA/AFP

Encontrou falastrão do UFC: "Compro pay per view, porque quero ver você apanhando"

É comum que figuras públicas, para não transparecer seus defeitos, escondam também suas qualidades. Não é o caso de Bruno Fratus. "O que eu não gosto de fazer, não faço. Como tentar construir uma imagem que tem como único intuito ser vendida, ficar com essa imagem de namoradinho do Brasil, de bom moço, de garoto da Capricho."

Uma hora e meia de entrevista depois, Bruno Fratus conta uma história. Estava no supermercado na cidade onde mora, na Flórida, nos EUA, quando reconheceu Colby Covington, lutador de MMA. Ele treina em uma academia ali perto e ganhou fama por declarações ofendendo o Brasil e os brasileiros, a quem já chamou de "animais imundos".

"Falei: 'Colby, é você? Dá licença, sou brasileiro e te assisto. E eu acho o que você faz o máximo. Compro seu pay per view, porque quero ver você apanhando'. Ele respondeu: 'Espero que você não tenha se ofendido, a gente tem que vender o pay per view'. O cara é um dos caras mais legais do mundo, mas quando ele vai para a câmera ele faz tudo aquilo."

O próprio nadador brasileiro reconhece a incoerência. "Isso conflita sobre o que eu disse sobre ser espontâneo, não fazer personagem. Mas um pouquinho de emoção também não vai fazer mal, também não vai machucar. Às vezes faz bem você ter o herói e o anti-herói."

Michael Dalder/Reuters Michael Dalder/Reuters
Satiro Sodré/SSPress

Fratus e a patada em repórter: "não estava pronto para responder nenhuma pergunta"

Líder do ranking mundial até o início da Olimpíada do Rio, grande candidato à medalha de ouro nos 50m livre, Fratus esperava sair do Centro Aquático consagrado. O nadador até terminou o dia em evidência, mas não por um bom motivo. Ao vivo no SporTV, foi perguntado pela repórter Karin Duarte se saia chateado da final. "Não, estou felizão, né? Fiquei em sexto", respondeu.

A conversa com a repórter brasileira veio logo depois de sair da piscina frustradíssimo e de até ter sido confundido com o campeão da prova. Fratus primeiro passou reto pelos repórteres, mas um britânico o confundiu com o norte-americano Anthony Ervin, o puxou pelo braço e perguntou como era ser campeão olímpico de novo. "Eu só pensava: 'Vou jogar esse cara na piscina, não é possível'. Perguntei se ele tinha assistido a prova, ele ficou me olhando, meio que sem saber o que responder, e eu saí andando", conta.

Na piscina de soltura, depois, o amigo e fisioterapeuta Natan Cunha recomendou que o nadador voltasse para se desculpar. "Falei que não ia voltar, que tava transtornado. Mas ele conversou, e eu voltei. Ainda falei para ela [Karin] nem gravar nada [das deculpas], mas ela falou que era melhor gravar porque ia ser melhor para mim, ainda fez essa gentileza".

"Não é muito fácil de se lidar. Eu sempre fui muito cru nas minhas sensações. Eu sou o tipo do cara que fico puto e fico de cara amarrada, do mesmo jeito que fico feliz e não consigo esconder. Sem querer justificar, mas já justificando, fez parte de uma euforia, de um turbilhão, de uma situação que eu não estava pronto para responder nenhuma pergunta que fosse."

Ivo Gonzalez/Getty Images Ivo Gonzalez/Getty Images

Depressão: "Eu comia mais do que deveria. Você não quer treinar"

As críticas pela grosseria com a repórter do SporTV, que o pedido desculpas não fizeram acabar, continuaram chegando por dias pelas redes sociais. Essas mensagens seriam uma pequena parte das consequências daquela noite na carreira do nadador brasileiro. Nos meses seguintes, a tristeza deu lugar à depressão.

"Foi meu primeiro grande contato com depressão clínica nua e crua. Por sorte, coincidiu com quando eu procurei a Carla di Pierro, psicóloga do COB. Eu cheguei a ter uma receita (para tomar antidepressivo), mas era algo que eu queria ficar sem. Fica até piegas falar assim, mas eu acreditei na força de vontade, cabeça. Pode soar irresponsável, não é algo que aconselho fazer —se você tem a indicação médica de tratar qualquer tipo de problema, siga essa recomendação—, mas eu comecei a entrar em contato também com o outro lado, da meditação. Isso me ajudou bastante a lidar com o que eu tava sentindo ali naquela época", conta.

O turbilhão que começou com a frustração pelo sexto lugar na Olimpíada continuou com a decisão do australiano Brett Hawke de se dedicar mais à equipe universitária de Auburn e deixar de aplicar os treinos do brasileiro. Até dezembro, Fratus nadou ainda outras duas competições no Brasil, com resultados muito abaixo do usual.

"Eram competições em que eu não queria estar. Eu tinha obrigações contratuais com o clube que deveriam ser honradas. Não soube lidar com o que estava acontecendo", assume. Entre agosto e dezembro, Fratus foi de 80 para 92 quilos. "Eu comia mais do que deveria. Você não quer treinar, não quer sair de casa, fica meio que olhando para o nada, remoendo na cabeça".

Reprodução/Instagram

Mulher virou treinadora: "Poucos remédios têm o efeito do amor"

Fratus conseguiu "virar a chavinha" em dezembro de 2016 e se tornar vice-campeão mundial em 2017, ano que terminou também como segundo do ranking mundial. A responsável por isso é a ex-nadadora Michelle Lenhardt, nove anos mais velha, com quem é casado.

"A Michelle foi impecável, foi tudo que eu precisava. Poucos remédios têm o efeito do amor. Quando você tem amor na sua vida, amor da sua esposa, dos seus pais, dos seus amigos, a vida fica um pouco mais fácil. E com esse amor vem empatia, com empatia vem diálogo, e com tudo isso são várias ferramentas que você vai usando para superar os episódios difíceis da vida."

A relação começou em 2008, como amizade, quando a gaúcha foi contratada para nadar pelo Pinheiros, clube onde Fratus treinava. Os dois começaram a se relacionar quatro anos depois, antes dos Jogos de Londres. Logo se tornaram unha e carne.

Desde 2017, Michelle é mais do que esposa, é também treinadora. Quando Brett avisou que não conseguiria mais treinar o brasileiro à beira da piscina, ele passou a procurar quem pudesse aplicar o programa desenvolvido pelo australiano, mas não achava um "match". Até que a ex-nadadora resolveu problema: "Quer saber, vou fazer essa porra, então".

Michelle, porém, acabou se tornando mais do que a responsável por aplicar o programa. Em 2019, o conselho técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), numa decisão que Fratus considera "esdrúxula", decidiu que apenas técnicos brasileiros poderiam ser convocados para o Mundial, num ataque direto a Brett. Fratus postou foto treinando com uniforme dos EUA no dia seguinte, numa provocação barata, mas daria a resposta na piscina.

Pelos critérios de convocação, os treinadores dos atletas com melhores índices técnicos iriam ao Mundial. Sem poder levar Brett, Fratus escalou Michelle para ir à Coreia do Sul com ele. "Eu levei minha técnica, isso ficou claro para todo mundo. Você quer que sua equipe seja respeitada, você tem que se comportar como tal. Não adianta eu querer que ela seja respeitada como treinadora e ficar andando de mão dada na beira da piscina, de beijinho e abraço. Ela estava lá como treinadora e exerceu um trabalho fenomenal. Inclusive em tomadas de decisões difíceis em que ela mandou muito bem, trabalhou muito bem", justifica. Cada um dormiu em um quarto.

Satiro Sodré/rededoesporte.gov. Satiro Sodré/rededoesporte.gov.

Nadar rápido é sinônimo de visibilidade e poder

A temporada passada foi a décima seguida de Bruno Fratus na seleção brasileira, a décima seguida com ele entre os dez melhores do mundo nos 50m livre. "Esporte de rendimento é algo brutal. Se você tiver resultado, você tem o respeito do time, o patrocínio, a prioridade, a mídia. Sem resultado, você não tem nada", diz o nadador, competidor nato.

Ninguém nadou mais vezes na história na casa de 21 segundos, barreira que separa homens de meninos na natação mundial. Em janeiro, ele atingiu a marca pela 80ª vez, segundo levantamento do site Best Swim.

"Quando comecei na seleção, me chamavam só por apelido, era o 'calouro'. Entra no ônibus por último, senta onde dá, pega a chave por último. Na hora de pegar filmagem, assiste por último. Tem que ir conquistando respeito, conquistando seu espaço na marra, na base do resultado, porque não tem o que fazer. Se isso incomodou de alguma forma? Incomodou e incomodou muito, mas eu usava esse incômodo para atingir meus resultados."

Os privilégios a quem tem melhores resultados é um debate de anos na natação. Hoje no topo da pirâmide, Fratus incentiva que a hierarquia seja mantida. "Esse tipo de comportamento ajuda a construir o caráter do atleta. Não é que vou chegar na fila e empurrar alguém. Você explica como funciona. Fala: 'Você enche esse teu prato de arroz e feijão, porque no dia que você ficar mais forte que o tio aqui, aí você vai no começo da fila. Mas, por enquanto, sou eu'. E é assim que é."

Ricardo Borges/Folhapress Ricardo Borges/Folhapress

Fratus x Cielo: relação de faroeste na piscina e arrependimento

Não existe anti-herói se não existir o herói, da mesma forma que não existiria Bruno Fratus sem Cesar Cielo, que já era campeão olímpico e recordista mundial quando o hoje três vezes medalhista em Mundiais chegou pela primeira vez à seleção. A relação nas piscinas é comparada ao faroeste por Fratus.

"[Ter Cielo como rival] foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha carreira. Porque você ter a oportunidade de todo campeonato nacional subir no bloco do lado do campeão olímpico e recordista mundial te puxa num nível de exigência que nenhum outro atleta estava tendo na época. A gente por vezes treinava junto e eu pensava que só eu, que estava naquela raia, naquele dia, estava tendo oportunidade de treinar do lado do recordista mundial", lembra.

Cielo e Fratus nunca trocaram farpas publicamente, mas todo repórter que acompanha natação sabe que é preciso pisar em ovos para citar o campeão olímpico em uma entrevista com o rival.

"É aquela coisa de faroeste: a piscina é pequena demais para nós dois. Mas quando a gente cai junto no time, igual ao revezamento de 2017 [quando o Brasil ficou com a prata no Mundial, encerrando jejum de 17 anos sem medalha na prova], a gente dá susto nos americanos".

Oficialmente, Fratus diz que "nunca se incomodou" com as comparações com o rival dois anos mais velho, porque a comparação precisa existir para a imprensa contar uma história. Logo vem o porém. "Mas ao mesmo tempo é algo preguiçoso porque é sempre o próximo alguém, nunca é o primeiro quem quer que seja. A imprensa está fazendo o trabalho dela. O meu trabalho é continuar dizendo que eu tenho minha história, minha personalidade, e não tenho o mínimo interesse de ser a réplica de alguém."

Fratus, porém, é esperto o suficiente para saber que Cesar Cielo, que oficialmente não se aposentou, mas só tem participado de competições amistosas, faz falta. "Já passei duas mensagens falando: 'Vamos, vamos, volta, por favor'. Porque poucas coisas eram tão legais como nadar um troféu Brasil do lado do Cesar, e acho que só ganhei um. Era uma competitividade imensa. Você não pode dar mole, tem que ser muito melhor que todo mundo para bater no cara."

Minutos depois de a entrevista por vídeo acabar, Fratus manda uma mensagem. Faltou dizer alguma coisa. O que ele mais se arrepende na carreira? "Nunca ter juntado forças com Cesar Cielo".

Satiro Sodré/AGIF Satiro Sodré/AGIF

"Trabalhei muito para assumir uma posição de referência"

Um dos primeiros atletas a se posicionar pelo adiamento dos Jogos de Tóquio, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) ainda nem cogitava essa possibilidade, Fratus quer "liderar pelo exemplo". E, por isso, com frequência manda mensagens para outros nadadores da equipe, comentando sobre resultado, dizendo que está torcendo.

"Eu tento fazer de coração mesmo. Hoje em dia eu assumo posição de referência na seleção brasileira. Não tô dizendo que meu intuito, que o objetivo da minha carreira, é ser ídolo. Mas eu trabalhei muito para poder assumir uma posição de referência, de os atletas muitas vezes virem até mim para conselhos sobre carreira, sobre o esporte. Eu tento estar em contato com essa molecada, porque sei o quanto é difícil não ter ninguém olhando por você e te ajudando com um pouco mais de experiência", diz.

Ele fica "todo arrepiado", segundo descreve, ao falar da geração que chegou à seleção neste ciclo olímpico, de Guilherme Costa, Pedro Spajari, Caio Pumputis e do caçula Murilo Sartori. "Eu nunca vi uma geração tão casca grossa quanto essa que está vindo agora. É uma geração que pode ser comparada com a geração nascida em 87, 88", diz, em referência à geração de Cesar Cielo, Thiago Pereira, Felipe França, Felipe Lima, Guilherme Guido, Joanna Maranhão e tantos outros.

"Os moleques são muito, muito bons. É o time olímpico de 2024, 2028, e por aí vai."

REUTERS/Bernadett Szabo

Entre meninos e o supercampeão: "tem que bater na frente, ganhar de todos"

Pergunto a Fratus se ele não tem medo que esses garotos, em plena ascensão, o deixem de fora dos Jogos de Tóquio. "Ainda não tem macho para isso, não", responde o nadador, sem pestanejar, fazendo caras e bocas como se a pergunta fosse completamente fora de propósito. "Não, não".

Depois ele corrige. "Lógico que quando eu falo que não tem macho para isso eu estou brincando. É uma brincadeira. Pode ser que chegue aí e os moleques voem. É meu trabalho não deixar que isso aconteça. Onde eu estou hoje em dia, quem eu sou hoje em dia, eu estou extremamente confiante que não. Nos 50m livre, vou eu e vou com o primeiro tempo". Mesmo com o adiamento da Olimpíada? "Em 2021, em 22, 23, 24, muda nada."

Aos 30 anos, Fratus diz que ainda falta chegar aonde quer ir, um lugar onde ninguém foi. "É o infinito, o além, o estrelado", resume. "Eu quero conquistar muito mais do que eu conquistei até hoje", continua. Ele quer ser campeão olímpico.

Para isso, porém, será preciso bater o maior nome da natação na atualidade, o norte-americano Caeleb Dressel, atual bicampeão mundial, dono do melhor tempo da história no pós-trajes. Pergunto como fazer para superá-lo e escapo por pouco de uma patada: "Você tá querendo fazer eu te xingar agora, vai?". Para Fratus, é inconcebível que se duvide dele.

"Para ser campeão tem que bater na frente, ganhar de todo mundo, legal. Bora, então. Vamos sair na porrada, não tem essa não. O Dressel da última vez que chequei tinha duas pernas, dois braços, dois pulmões e um coração. Se ele cortar ele sangra, ele dorme a noite, ele precisa comer..."

Adam Pretty/Getty Images Adam Pretty/Getty Images

A touca brasileira na cabeça: "Se precisa desmaiar, você desmaia"

A medalha de ouro dos 50m livre, porém, é só parte do plano para Tóquio. O revezamento 4x100m livre do Brasil também é candidato ao pódio e Fratus, que nunca se deu bem com os 100 metros, chega a vomitar depois de nadar a distância, faz questão de estar no time.

"Os 100m livre é uma área onde eu tenho um pouco mais de dificuldade, meu corpo não encaixa na prova, no treino que você precisa fazer. Mas se você subiu no bloco com a touca que tem a bandeira do seu país e o nome da sua família, velho, se precisa vomitar, você vomita. Se precisar passar mal, você passa. Se precisa desmaiar, você desmaia."

Talvez seja esse o grande legado de Fratus para a natação brasileira. "Espero que eu possa ajudar a construir uma cultura de time na seleção brasileira, na natação brasileira em si. Se um dos mais novos chega e fala que não quer nadar, o moleque vai escutar e vou ser eu quem vai falar. Se você botou esse uniforme com a touca com a bandeira do Brasil, acabou: cala a boca e nada. Você vai representar da melhor forma possível".

Ao responder o que precisa ser feito para o Brasil chegar ao pódio nesta prova em Tóquio, Fratus revela ainda mais sobre si. "Precisa subir no bloco e nadar com vontade, como se fosse a última prova da sua vida. Como se fosse assim: 'É agora'. Precisa colocar o coração na ponta da chuteira. Precisa nadar com o coração."

Bruno Santos/Folhapress

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