Década de 90, o Brasil ainda tentava se recuperar da morte de Ayrton Senna. Para muita gente, as manhãs de domingo não eram mais as mesmas depois do fatal acidente de San Marino, em 1º de maio de 1994. Nesse período, nas pistas do país, um garoto, um pouco inspirado no ídolo que ele chamava de "tio", dava as primeiras aceleradas.
Além de precisar vencer os adversários nos circuitos, superar medos comuns aos pilotos e sofrer na busca por patrocinadores, Cacá Bueno também tinha de passar por cima do preconceito de ser visto meramente como o filho do narrador que amplificava as emoções geradas por Senna na Fórmula 1.
Em 1997, por exemplo, mesmo sendo o maior vencedor da temporada da Stock Car B, com oito pole positions e sete triunfos, ele percebia os olhares desconfiados em sua direção. De quem achava que ele só estava lá por ser "o filho do Galvão". Assim, mesmo com o título da categoria, Cacá optou por uma mudança drástica em sua vida. Saiu em busca de um lugar em que pudesse ser visto apenas como mais um piloto. Alguém que precisava se firmar pelo talento.
Na Argentina, o forasteiro construiu uma imagem de vencedor e ganhou o respeito de todos. Ainda assim, na volta ao Brasil para disputar a Stock Car em 2002, as dúvidas pairavam sobre o carro número 0.
Demorou, mas, com cinco títulos da principal categoria do automobilismo nacional, o vice-campeão mundial de Jaguar I-Pace e Trophy conseguiu, de certa maneira, inverter ao menos na pista uma situação improvável no restante do país. Para pilotos, mecânicos, engenheiros e torcedores que frequentam os autódromos do Brasil, dá para dizer que Galvão Bueno pode reconhecido como "o pai do Cacá".