A segunda onda de covid-19 atingiu em cheio os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Na 23ª rodada — que só se encerra hoje — alguns times se apresentaram esfacelados. O Palmeiras ainda tinha quase um time inteiro de desfalques e seu rival, o Athletico-PR, foi a campo sem goleiro reserva. É por isso que a foto que você vê aí em cima, de Rony e Emerson Santos, é tão emblemática.
Em condições normais, eles dificilmente teriam chegado ao sucesso que atingiram nesta rodada após a maneira como iniciaram a temporada. O primeiro, grande reforço do Palmeiras para a temporada, demorou nove meses para marcar seu primeiro gol pelo clube. Emerson, pior, foi contratado em 2018, foi emprestado e chegou a ser a quinta opção para a defesa. Com os desfalques, porém, vieram as chances. Rony fez 3 gols nos últimos dois jogos e as críticas desapareceram. E Emerson, hoje, virou titular —mesmo com a volta de Luan, o antigo dono da posição.
A dupla palmeirense não é um caso isolado. O grande número de desfalques do Brasileirão tem dado brecha a jogadores que, até então, não vinham sendo utilizados. Por falta de oportunidades, pela juventude ou por terem entrado pro grupo de "renegados" em seus elencos. No grupo de jovens que dificilmente teriam chances estão três goleiros: Hugo Souza, do Flamengo, John, do Santos, e Lucão, do Vasco —os três pretos, ajudando sepultar o mito do "não confie em goleiro negro" que sempre acompanhou o futebol verde-amarelo desde Barbosa, o arqueiro da Copa de 1950.
John e Lucão, por exemplo, tiveram chance nas últimas rodadas. O primeiro já desbancou o antigo titular, João Paulo, que assistiu do banco a vitória por 4 a 2 do Santos sobre o Sport. O segundo foi o principal jogador do Vasco nas últimas três partidas, aproveitando o afastamento de Fernando MIguel. Hugo ganhou sua chance há mais tempo, quando o Flamengo, após um jogo no Equador pela Libertadores, teve 16 casos de covid no elenco. Entrou no gol e se tornou a maior revelação do primeiro turno do Brasileirão. Além dele, o jovem Natan, zagueiro, também ganhou espaço na rotação rubro-negra no mesmo período.
Outro clube a enfrentar um pesado surto de covid, o Atlético-MG (que chegou a ter 19 profissionais, entre jogadores e membros da comissão técnica) também tem um jogador para o grupo: Hyoran. O meio-campista aproveitou os afastamentos e está recuperando seu espaço. No Inter, o feito é do lateral Heitor. Quando o argentino Sarabia se machucou, seu substituto seria Rodinei. O ex-Flamengo, porém, estava com covid. A chance caiu no colo do jovem de 20 anos, hoje titular.
A redução no número de infectados ainda não tem prazo para acontecer, mas a CBF não pretende alterar a tabela, com prazo de se encerrar em fevereiro de 2021.