Quem quer ser campeão?

São Paulo derrapa, Inter dá o salto: Brasileirão fica mais acirrado e promete drama na reta final

Do UOL, em São Paulo Marcello Zambrana/AGIF

Bastaram cinco dias para a corrida pelo título Brasileiro mudar completamente. Se até a semana passada o São Paulo ameaçava arrancar para o título, agora parece perder terreno. A aproximação dos concorrentes é tímida, mas tem uma importante exceção: o Internacional de cinco vitórias seguidas. Vem drama por aí.

Até pouco tempo atrás, o Colorado nem aparecia nos debates sobre o futuro campeão brasileiro: chegou a ficar sete jogos sem vencer e nove pontos longe da liderança. Parecia um time limitado à briga por vaga na próxima Libertadores, mas um mês perfeito fez renascer as esperanças de título. O time de Abel Braga agora está vivíssimo na briga, ainda mais porque a concorrência está em crise.

A segunda derrota seguida de São Paulo e Flamengo também estende o tapete para o Atlético-MG, que hoje (11) visita o Red Bull Bragantino e assim volta a jogar após três semanas. É a chance para também encostar na liderança e incendiar de vez a briga pelo título. Nesse papo ainda está o Grêmio, que tem um jogo a menos; e quem sabe também o Palmeiras, que tem dois jogos a menos.

As coisas também estão movimentadas lá perto da zona do rebaixamento. Depois de três jogos diretos contra a degola no meio de semana, ontem as atenções dos ameaçados se concentraram no clássico carioca. O Vasco dominou, venceu e deixou a zona de rebaixamento; o Botafogo afundou um pouco mais.

Abaixo, o UOL Esporte faz um resumo da 29ª rodada do Brasileirão, que foi econômica em gols, mas preparou o terreno para uma reta final dramática no campeonato.

Marcello Zambrana/AGIF
Marcello Zambrana/AGIF

São Paulo perde clássico que não poderia perder

O São Paulo tinha um clássico em casa, contra os reservas do Santos, para recuperar não apenas o moral abalado após a goleada sofrida há poucos dias, mas também o controle do próprio destino no Brasileirão. Mas a oportunidade de tornar o clima mais leve no Morumbi foi destruída na derrota por 1 a 0, em que um Peixe bem organizado, consciente de seu papel, manteve o jogo em baixa temperatura e foi muito eficaz.

O volante Jobson, no primeiro minuto do segundo tempo, garantiu a vitória, num lance que ele mesmo começou ao desarmar a saída de bola são-paulina. Cuca montou um time inteiro reserva e usou titulares apenas nas substituições, porque na quarta-feira (13) o clube tem o dia mais importante de sua temporada e pode chegar à final da Copa Libertadores.

Já para o são-paulino, cujas próximas semanas prometem ser também angustiantes até o final do Brasileirão, o clássico foi um martírio. O Tricolor foi lento demais, previsível na criação de jogadas e por muito tempo inofensivo. Teve a bola, mas não exatamente um domínio, e esteve mais perto do empate justamente quando abandonou a estratégia inicial e acumulou três centroavantes na área. Nas raras vezes em que as coisas deram certo, o time parou no goleiro João Paulo, que fez um jogaço.

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Nós vencemos dentro da proposta que propusemos. Fomos muito felizes. Nos precavemos dentro do que foi possível, em cima de dois treinamentos, fizemos um jogo bom dentro da proposta e saímos vencedores. São Paulo teve maior posse, mais finalizações, mas nós fomos efetivos. Fizemos o gol, tivemos uma bola na trave e fomos firmes atrás. Soubemos passar pelo momento ruim no jogo.

Cuca, Técnico do Santos

Temos que trabalhar voltados para dentro do que fazemos. A gente sempre tenta blindar [o elenco]. Quando vêm os elogios, a gente tinha que também saber blindar, e talvez a gente não tenha blindado tão bem assim. Ter um filtro para absorver o que vem de fora e trabalhar internamente. É com trabalho, dedicação e empenho que vamos voltar a vencer, ir atrás da conquista que o torcedor tanto deseja.

Fernando Diniz, Técnico do São Paulo

Fernando Alves/AGIF

Lá vem o Abelão

A saída de Eduardo Coudet deixou muito torcedor preocupado com a sequência do Inter, e o próprio clube se movimentou para cuidar tanto do presente quanto do futuro: contratou Abel Braga para o restante do Brasileirão e encaminhou Miguel Ángel Ramírez para a temporada que vem. Mas eis que o time de Abelão deslanchou: tem cinco vitórias seguidas e é o novo vice-líder.

São três pontos atrás do São Paulo, mas o momento dos dois times faz parecer que a distância é ainda menor. Enquanto o Tricolor perdeu clássico na rodada, o Colorado fez o dever de casa contra o Goiás e venceu por 1 a 0. "Poderia ter matado o jogo", como alertou Abel em sua coletiva, mas conseguiu o que precisava para crescer na briga pelo título.

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O primeiro nunca se esquece

Bruno Praxedes marcou seu primeiro gol como profissional do Inter na vitória magra sobre o Goiás, que colocou o time na cola do São Paulo

Jorge Rodrigues/AGIF

O que será do Flamengo de Ceni?

A má fase do Flamengo dá o que pensar e não parece ter soluções fáceis. Ontem Rogério Ceni mudou alguns nomes no time, mas os problemas seguiram os mesmos. O Rubro-Negro mais uma vez esteve longe daquelas atuações avassaladoras de 2019, e o Ceará aproveitou: venceu por 2 a 0 no Maracanã e soprou ares de crise para os lados da Gávea.

Vina e Kelvin marcaram os gols do Ceará, um no começo do jogo, outro já quase nos acréscimos. Entre um gol e outro o Flamengo teve que se jogar inteiro ao ataque, atrás do resultado e também de um propósito claro no Brasileirão. Mais grave do que os três tropeços seguidos é que as atuações são pouco inspiradas, e está cada vez mais difícil defender o título conquistado na temporada passada.

É no passado, aliás, que podem estar as respostas que Ceni tenta encontrar. O time até ensaia uma proposta semelhante àquela que tinha com Jorge Jesus, mas é lento em campo e por isso bem menos perigoso. Não à toa o treinador tem aproveitamento de apenas 44%, a segunda pior marca na década do Flamengo. Bom para o Ceará, que respira tranquilo no meio da classificação, bem longe da zona de rebaixamento.

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Estamos deixando passar as oportunidades. E a culpa é nossa como um todo dentro de campo. Fazemos por merecer em alguns momentos, mas a gente não vem sendo efetivo. Nenhum flamenguista está confortável vendo a liderança possível de alcançar. O líder não marca pontos, e você cede as chances para chegar à liderança. Não é confortável para ninguém."

Ceni

"Me sinto capacitado, mas confesso que não consegui até agora os resultados que queríamos. No futebol, não existe garantia, você tem que conquistar com resultados em campo. Até agora, os resultados são frágeis e ruins perto do que esse time pode conseguir. A direção tem direito de tomar qualquer decisão. Como trabalho diário, é bom. Mas como resultado, deixa a desejar."

Ceni

Thiago Ribeiro/AGIF

Talles desencanta com Luxa, e Vasco respira aliviado

Talles Magno vivia jejum de três meses sem marcar, mas desencantou no clássico contra o Botafogo e fez o primeiro gol da vitória por 3 a 0 em São Januário. O Vasco da Gama foi dominante, conseguiu desenvolver seu jogo e fez pontos importantíssimos na sua luta particular contra o rebaixamento. A luta botafoguense, por outro lado, vai de mal a pior.

Foi a primeira vitória desta passagem de Vanderlei Luxemburgo, que foi justamente quem subiu Talles para o profissional em 2019. O curioso foi que, no intervalo da partida, já depois do gol marcado de cabeça, o atacante agradeceu até "os esporros, as brigas" que toma do treinador. "Ele sempre me ajudou e neste momento difícil tem me reanimado. Sei que é pelo meu melhor", disse.

O Vasco já tinha saído da zona do rebaixamento na rodada anterior, chegou a voltar para lá por algumas horas no final de semana, mas vai reagindo para tentar permanecer na elite —agora é 15º colocado. Já o Botafogo está cada jogo mais perto da Série B: daqui para frente precisa tirar nove pontos em nove jogos para sair da vice-lanterna e do Z-4.

Reprodução/Premiere TV

Os sinais de Gabigol

Na partida contra o Ceará, o técnico Rogério Ceni escalou Pedro como titular e deixou Gabigol de fora do time. Mas o camisa 9 chamou a atenção mesmo no banco de reservas: quando a partida começou, ele estava sem chuteiras e vestindo a camisa de aquecimento (não a de jogo). Na metade do primeiro tempo, o atacante correu para os vestiários, só de meias, como mostrou a transmissão da partida.

O comentarista Fábio Luciano, ex-zagueiro e ídolo do Flamengo e hoje comentarista da ESPN, considerou o comportamento como um recado a Ceni. "Não é o procedimento normal ir para o banco de reservas, tirar a chuteira e ficar com a camisa de treino. Tem que ficar com o uniforme, pronto para entrar em jogo. Então, acho que foi uma provocação do Gabigol pela situação de ele ficar no banco", opinou o ex-jogador.

Kely Pereira/AGIF

Só faltou mais gols

Justamente na hora em que as disputas ficam mais acirradas, o Brasileirão viveu seca de gols no final de semana. Foram apenas dez até aqui, o que por enquanto faz da 29ª rodada aquela com menos gols nesta edição da competição —a quinta rodada teve 17.

É verdade que ainda restam duas partidas nesta rodada (Bragantino x Atlético-MG e Corinthians x Fluminense), e o número de gols ainda pode aumentar, mas o "sumiço" dos gols é evidente. O Brasileirão tinha média de 2,41 gols por jogo, um patamar que os jogos de sábado e domingo não estiveram nem perto de alcançar (tiveram só 1,25 gol/jogo).

Foram dois 0 a 0, um no Athletiba e outro em Grêmio x Fortaleza —Pepê chegou a marcar neste, mas o gol foi anulado. Dos 16 times que entraram em campo no final de semana, sete fizeram suas torcidas comemorar e só três marcaram mais de um gol (Ceará, Vasco e Internacional).

Foram bem

GettyImages

João Paulo

Goleiro santista fez ótimas defesas contra o São Paulo e deu a volta por cima. Ele tinha perdido a titularidade por causa da covid-19, agora voltou ao time também por causa da covid-19 (John testou positivo) e se redimiu do péssimo jogo que fez na última vez que foi titular --derrota por 4 a 1 para o Flamengo, na qual cometeu dois pênaltis e outras falhas.

Cesar Greco/Palmeiras

Luan

Zagueiro palmeirense talvez tenha sido o melhor em campo na vitória por 1 a 0 sobre o Sport. Seguro na defesa, também mostrou ferramentas ofensivas ao dar ótimo lançamento para Gabriel Veron no lance que resultou no único gol do jogo. Recuperado de um problema na lombar, pode voltar a ser titular na semifinal da Libertadores.

Thiago Ribeiro/AGIF

Talles Magno

Além de marcar o primeiro gol vascaíno, o atacante não teve cerimônia quando recebeu a bola no clássico: foi para cima, criou boas jogadas e se mostrou bastante produtivo. É esperança de Luxemburgo para retomar o bom futebol que mostrou no passado, sob comando do treinador.

Foram mal

Jorge Rodrigues/AGIF

Pedro

Surpresa entre os titulares do Flamengo contra o Ceará, o atacante perdeu três gols que em um bom dia jamais perderia: um de cabeça, meio sem jeito, e outros dois de frente para o gol e mandando por cima. Acabou substituído no finalzinho.

Fernando Alves/AGIF

Daniel Alves

Muitos erros de passe e decisões erradas colaboraram para o jogo ruim do São Paulo. Ainda que seja um dos mais prejudicados pela descompactação do time, ficou muito aquém do esperado. E perdeu a bola que culminou no gol do Santos.

Vitor Silva/Botafogo/Divulgação

Kanu

Zagueiro botafoguense faz um bom campeonato, seguro, mas foi mal no clássico. Inclusive falhou no lance do primeiro gol do Vasco, no qual tentou uma antecipação que tinha grande chance de dar errado (e deu).

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