Nada havia sido programado. A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg voltava a uma competição depois de meses e, ao obter um bom resultado e subir ao pódio, daria uma entrevista sobre sua conquista. Mas, antes de concluir, suas angústias como cidadã explodiram na frase "Fora, Bolsonaro". O desabafo acabou a tornando mais conhecida do que os seus resultados profissionais.
O que ela viveria nos dias seguintes parecia sair da realidade de uma democracia e de uma sociedade livre. "Senti na pele o medo", afirmou Carol, que é filha de Isabel Salgado, ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei.
Sua iniciativa foi denunciada pela procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), abrindo uma polêmica: atletas podem ou não se manifestar politicamente. Em primeira instância, ela foi multada em R$ 10 mil. A punição foi transformada em advertência. Ainda assim, ela optou por recorrer, justamente para defender seus direitos.
Nesta semana, Carol foi absolvida pelo STJD. Em entrevista ao UOL, ela garante que o que vive hoje é apenas o início de um processo maior de debate sobre a liberdade de expressão e sobre o papel do atleta na sociedade. Ainda assim, o fato de não ter sido punida não significa que ela se sente hoje totalmente livre para voltar a se pronunciar.