"Eu estava com um aspecto deplorável, pesando setenta quilos, furado dos pés à cabeça, com furúnculos pelo corpo todo. (...) Tive uma overdose de droga injetável - cocaína e heroína - na frente do meu filho".
"'Comecei a ter visões de demônios na minha casa. Via uma sombra no banheiro. Aí, eu ia pra sala, tinha cara de demônio no sofá. Eles começavam a aparecer às seis horas da tarde em ponto. Eu sentia algo me pegando, me arranhando as costas'. Foi nesse estado de confusão mental que Casagrande capotou seu carro, em 2007. Ele apagou no volante depois de ter ficado cerca de dez dias sem dormir, sem comer, sob efeito de cocaína, misturada com calmantes e remédios para pressão."
Os momentos descritos nesses trechos são tão trágicos que nos fazem sentir piedade por quem quer que tenha passado por eles. Quando a pessoa é Casagrande, a compaixão ganha "intimidade". Afinal, nós, brasileiros, o deixamos entrar em nossa casa há anos a cada transmissão de futebol.
Num relato brutal da luta que Casão trava contra cocaína, álcool, maconha, heroína e muitos outros demônios, seu novo livro, escrito em parceria com o jornalista Gilvan Ribeiro, é uma leitura não só pra quem gosta de futebol. É pra quem tem interesse em conhecer um pedaço do inferno. E/ou saber como se sai de lá.
O mais carismático e corajoso dos comentaristas de futebol, que virou celebridade da noite para o dia ao marcar quatro gols na estreia como profissional do Corinthians com apenas 18 anos, louco por rock e com forte posicionamento político - hoje, contra o presidente Jair Bolsonaro e, durante a ditadura, na formação da Democracia Corinthiana - conta em Travessia - As recaídas, os amigos, os amores e as ideias que fizeram parte da trajetória da minha vida, da Globo Livros, porque se considera um highlander.
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Leia abaixo outros trechos e informações impactantes do livro.