Árbitro mais experiente do quadro da CBF, Marcelo de Lima Henrique vira e mexe apela para os óculos escuros e o boné para passar despercebido pela rua. "Com máscara ainda, para disfarçar mais", conta ele.
Aos 50 anos, 27 deles dedicados à arbitragem, o carioca é quem há mais tempo experimenta o nível de pressão e cobrança típico desta reta final de Brasileirão. Não é por acaso. A classe rejeita a tese de que o resultado final do campeonato já está ou será afetado pelos erros ao longo das rodadas. De todo modo, a ideia da CBF foi levar um grupo que considera de elite — 19 árbitros centrais e 55 assistentes — para um regime de concentração na Granja Comary, em Teresópolis. O grupo está lá desde 18 de novembro e ficará até sábado (4).
No local em que as seleções brasileiras costumam se preparar para suas competições, a ideia da arbitragem é atingir, ao menos na reta final, um desempenho de Copa do Mundo. Os árbitros jogam sinuca, videogame e pingue-pongue. E até comem o cardápio preparado pela equipe do chefe Jayme Maciel, desde 1995 na cozinha da seleção brasileira. Mas o foco maior é na sala de aula, no trabalho físico em campo e na evolução psicológica.
"Afinar os conceitos, ter conceitos únicos. É um trabalho que já vinha sendo feito e a gente intensifica isso aqui. Outro aspecto é trazer os árbitros para cá para ficar 100% focados na atividade. Todos têm família, alguns têm trabalho, mas nesse momento era importante que eles estivessem aqui. Nesse ambiente, de mais descontração, a pressão diminui. Eles já têm pressão excessiva do campo de jogo. A gente pode realizar os debates com todos. Sem melindre, aponta equívocos e acertos", explica Alício Pena Júnior, presidente interino da comissão de arbitragem da CBF.