Acham que é crossfit

Chico Barretto conta que teve problemas com o próprio corpo antes de se aceitar: "Experiência ajudou".



Textos Beatriz Cesarini e Paulo Favero
Fotos Marcelo Maragni

"São 27 anos de ginástica, tive muitos momentos difíceis, questão mental com o meu próprio corpo, mas hoje eu me sinto contente. Aceitei muita coisa, entendi muita coisa, a experiência ajudou bastante, e estou feliz com o meu corpo".

Chico Barretto, ginasta que disputou duas Olimpíadas.

O ginasta começou na modalidade com 7 anos e desde então seu corpo passou por muitas transformações. Atualmente ele tem 34 anos e é atleta do Clube Pinheiros. "Não dá para você ficar muito musculoso e não ter flexibilidade", avisa.

"O esporte que mais se aproxima da ginástica artística agora é o crossfit, que está moldando o corpo dos atletas de uma forma geral, trabalha a perna, membro superior e inferior com um volume muito grande. Então, às vezes, acham que eu faço crossfit, porque a visibilidade está bem grande".

O ginasta explica que existem tônus musculares específicos da modalidade. "Na argolas, por exemplo, tem um músculo específico que a gente não consegue atingir na academia, só realizando o fortalecimento no próprio aparelho", conta.

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O atleta diz que é difícil aumentar a resistência fora do aparelho no cavalo e na paralela, que tem um movimento específico que ajuda a criar força no tríceps braquial. "Isso até acaba criando calo na gente", explica.

Chico disputou duas edições dos Jogos Olímpicos, mas não irá para Paris. O ginasta participou de Mundiais, integra a seleção brasileira e tem quatro medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos.

O atleta reforça que não adianta ser muito forte na ginástica artística se não conseguir executar os exercícios. "Não dá para ficar muito musculoso e não ter flexibilidade extrema, porque sem ela você não consegue fazer certos movimentos".

"Eu sou um atleta longilíneo, tenho 1,75m, e as argolas são muito difíceis para mim, pois tenho um ângulo bem grande e o centro de gravidade muda nesse aparelho. Então eu tive de ficar muito forte. Em certos momentos eu não gostei, porque eu ficava relativamente pesado para o cavalo ou barra fixa. Lidei com alguns empecilhos em relação ao meu padrão".

Chico lembra que o biotipo do atletas da China e Japão, potências na modalidade, são diferentes. "Por mais que eu tente chegar no padrão deles de peso relativo, é muito difícil", afirma. Ele até compara com outros esportes que tem contato no Pinheiros, como judô e levantamento de peso. "É muito diferente, a perna, o volume que eles têm em certas musculaturas, isso dificulta a prática de ginástica artística, então é muito bacana ter essa interatividade e perceber a especificidade de cada esporte", continua.

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"Dentro da ginástica a gente tem de entender que tem as especificidades. O meu corpo hoje é mais tonificado, Outros atletas da ginástica não têm tantos tônus, e o cara é campeão mundial de solo, por exemplo. Se olharem ele na praia, não vão falar que é ginasta. Tem atleta de cavalo que é muito magro, você fala que ele joga baralho, não que pratica ginástica. Então, dentro da modalidade, também tem essas especificidades".

Fotos: Marcelo Maragni

Reportagem: Beatriz Cesarini e Paulo Favero

Designer: Bruna Sanches

Edição: Paulo Favero

Este é uma parte da série

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