Toda semana, Cicinho deixa a pequena cidade de São Luís de Montes Belos, no interior de Goiás, e viaja para São Paulo. O compromisso é sempre nas noites de segunda-feira: o Arena SBT, programa esportivo do canal de Silvio Santos. Todo o esforço é para estar perto do futebol, em um encontro semanal com o universo "onde sempre quis estar", mas também para corresponder às expectativas e às cobranças da pequena Eloá, a filha de 7 anos, após uma pergunta que o incomodou: "Pai, você não trabalha?"
Cicinho não quer viver a vida da metrópole e valoriza seus outros compromissos, mas diz estar encantado com a função de comentarista. O ex-lateral do São Paulo, nas últimas semanas, tem mostrado seu lado contador de histórias e, entre um comentário e outro, arranca risadas dos companheiros de bancada com os causos que viveu —sempre engraçados e contatos de um jeito único. Ele já falou de uma mala de dinheiro que chegou da Rússia para sua contratação, contou uma briga nos vestiários em que ele e Robinho saíram correndo de Gravensen e de quando Luís Fabiano ameaçou "arrancar" seus dentes.
É no meio do caminho entre o conforto do interior de Goiás e a empolgação com o programa em São Paulo que nasce um dilema: há rumores de que o programa pode se tornar diário, e aí? O contador de causos vai mudar para a metrópole? Cicinho desconversa. O importante, por enquanto, é viver o momento e aproveitar a troca de provocações com Emerson Sheik, seus companheiros de bancada. Cicinho considera que o Arena tem tido sucesso por ser feito com a linguagem do torcedor e valoriza o projeto do SBT como alternativa para quem estiver "enjoado" de outros canais.
Ele só não esperava que, do outro lado, seus amigos jogadores parassem de atender suas ligações:
Não sei que medo é esse de comentarista..."