A "Superliga Europeia" movimentou o noticiário esportivo nos últimos dias. Da tentativa de se criar uma competição independente que pudesse desafiar Fifa e Uefa para que os times mais ricos da Europa se enfrentassem mais vezes e assim arrecadassem mais dinheiro, deixando de lado a histórica Liga dos Campeões, passou em apenas dois dias a uma fantasia repleta de polêmicas quando metade de seus fundadores debandou — o Arsenal (ING) pediu até desculpas. Ao final de seu segundo dia, ela já estava suspensa para "remodelação".
É um movimento de rompimento raro, mas não inédito. O Brasil já teve um movimento assim nos anos 80. O "Clube dos 13" era uma espécie de Superliga verde-amarela. A organização foi fundada diante de um contexto de crise da CBF, promoveu duas vezes o Campeonato Brasileiro (em 1987 e 2000) e teve poder real no futebol nacional durante 24 anos.
"A Copa União em si foi um baita sucesso, 21 mil torcedores em média. Somados os patrocínios que a competição tinha à época, significava para os clubes renda equivalente a 42 mil torcedores por jogo. Mas no ano seguinte já não se consolidou porque os clubes não tiveram coragem de seguir em frente. Houve o velho acordo das elites brasileiras", recorda Juca Kfouri, colunista do UOL.
O Clube dos 13 implodiu em 2011, quando Corinthians e Flamengo capitanearam um processo de individualização da negociação dos direitos de transmissão com a Globo e esvaziaram o modelo coletivo que vigorava desde os anos 80. O C13 parou de fazer sentido e todos os movimentos posteriores de união, o maior exemplo foi a Primeira Liga, não tiveram futuro.