Era quase 1 da madrugada do dia 27 de setembro de 1988, em Seul, na Coreia do Sul. Numa sala, a comissão médica do Comitê Olímpico Internacional (COI) havia passado duas horas escutando aos argumentos da delegação canadense e dos especialistas sobre a situação do medalhista de ouro Ben Johnson.
O velocista de origem jamaicana ganhou os 100 metros rasos das Olimpíadas de maneira impressionante e, tão surpreendentemente quanto, foi flagrado no teste antidoping após a conquista. Quando o resultado de seu exame foi tornado público, uma crise até então sem precedentes no esporte começou.
O debate que se seguiu faz parte das minutas das reuniões confidenciais do COI que, a partir de 2019, podem ser consultadas pela primeira vez desde os incidentes de 1988. Esses relatos mostram o quanto aquele caso chacoalhou as bases do movimento olímpico, como o esporte não estava pronto para discutir o assunto naquele momento e contam a história do início de uma nova era no combate ao doping.