Funcionários e jogadores estavam reunidos num gramado da Academia de Futebol do Palmeiras. Ao centro, o recém-chegado português Abel Ferreira falava. O encontro fora um pedido do treinador e as palavras ali ditas ajudariam a colocar o Palmeiras no rumo certo. Era 3 de novembro, com a temporada já bastante avançada.
Abel havia chegado ao Brasil no dia anterior e teve um contato rápido com o elenco após a vitória sobre o Atlético-MG, por 3 a 0, no Allianz Parque. O português, então, se apresentou de forma oficial e explicou: não há fórmula mágica para o sucesso, mas há o trabalho para chegar lá.
Mais que mero discurso, Abel explicou que cada um ali presente seria importante para o Palmeiras pensar grande. Cada funcionário tinha sua responsabilidade para dar as melhores condições para o time jogar em alto nível, enquanto os jogadores, como forma de retribuição por toda a estrutura ao redor, teriam de dar o seu melhor em campo. Como repete o técnico: "não tem eu, tudo aqui é nós".
Para Abel, todos os setores do clube são interdependentes e entender isso é fundamental para o sucesso. Esse lema foi a primeira amostra de um treinador que, em pouco tempo, recuperou o melhor futebol de cada atleta e transformou, finalmente, um elenco qualificado em um verdadeiro time competitivo. Como prêmio, vai disputar as finais da Libertadores e da Copa do Brasil, além de estar na briga pelo título do Brasileirão, também. O confronto direto com o Flamengo hoje (21) , em Brasília, é mais uma prova disso.
Se esse texto fosse um discurso de Abel Ferreira antes do jogo, ele terminaria com um grito de "Avanti, Palestra". O torcedor, em casa, se uniria ao grito, mas poderia muito bem acrescentar: "Avanti, Abel". Em apenas pouco mais de dois meses, o português já caiu nas graças do palmeirense e tem a possibilidade de entrar para a história do clube.