Quem piscou, perdeu. A temporada de 2020 no futebol brasileiro, disputada em meio à pandemia e com estádios vazios, agora é a temporada de 2021. Não mudou quase nada: os times, os protocolos, as trocas de técnico e principalmente as discussões sobre o VAR continuam, assim como a pressa — esta, sim, a protagonista desta reportagem.
Os aspectos práticos você já conhece: o futebol parou pela pandemia, foi retomado durante esta mesma pandemia, depois foi espremido em menos tempo do que deveria e agora deu em um ano que começa sem pré-temporada. Para além dos tão debatidos efeitos físicos, este encavalamento de jogos desencadeia também consequências emocionais. São tantos jogos em tão pouco tempo que até a sua relação de torcedor com o próprio jogo já não é mais a mesma.
A desordem do calendário esportivo brasileiro não é culpa particular da covid-19, naturalmente, mas a pandemia acentuou o problema e até o torcedor está capturado pela lógica ansiosa da virada de temporada. Portanto, esqueça o clichê de "aproveitar a jornada" pois a jornada em si é avassaladora e mesmo um título muito esperado, quando vencido, não dá mais do que alguns dias de alegria.
O troféu mais cobiçado do continente foi celebrado pelo palmeirense por menos de 72 horas e novos desafios logo vieram. Até o título da Copa do Brasil foram apenas 36 dias. Já o flamenguista bicampeão brasileiro teve cinco dias de proveito antes da estreia no Carioca. Ganharam o título em um dia, e no outro já estavam convocados a recomeçar a caminhada, um ciclo abusivo de 364 dias de desejo e só um de deleite — este, exclusivo para os poucos campeões.
Se você não tem mais tempo nem de comemorar, torcer pelo seu time te deixa mais alegre ou só mais ansioso? É a pergunta que o UOL Esporte tenta responder.