Não dá para dizer que tenha sido um Maracanazo, para não banalizar o termo. Mas que o Santo André deixou o Maracanã calado, ao derrubar o Flamengo e conquistar a Copa do Brasil em 2004, não há dúvida. Chocante, não? Ainda mais depois do espanto causado pela semifinal formada pelo próprio time do ABC paulista com os gaúchos do XV de Campo Bom. Pois então o que dizer quando, no ano seguinte, o Paulista de Jundiaí repetiu a dose de improbabilidade ao superar o Fluminense e fazer uma dobradinha de zebras no torneio de mata-mata nacional?
Aí você pode falar: justamente, o formato de mata-mata está aí para abrir espaço a surpresas como essas. Acontece que as zebras não se restringiram apenas à Copa do Brasil. Os casos se alastraram pelo país, no âmbito regional. O time de Jundiaí, mesmo, já havia disputado a decisão do Paulistão um ano antes de ser campeão nacional. Uma final, vejamos, com o então emergente São Caetano, que levantou a taça.
E lá vamos Brasil afora. Volta Redonda e Madureira chegaram à final do Campeonato Carioca em 2005 e 2006, respectivamente, depois de conquistar Taça Guanabara e Taça Rio. Já o Colo Colo, de Ilhéus, quebrou uma hegemonia de 37 anos da dupla Bahia e Vitória e conquistou o Baiano, em 2006. De volta ao Sudeste, um ano antes, o Ipatinga ganhou o Mineiro. O triênio de 2004 a 2006 foi realmente pródigo em títulos inesperados.
Esses exemplos mostram como, na verdade, os anos 2000 se tornaram um foco de vitórias históricas de times pequenos sobre potências nacionais. Desde então, as surpresas são cada vez mais raras. Na Copa do Brasil, por exemplo, nenhum clube de menor expressão repetiu o feito de Santo Andre e Paulista.
O UOL Esporte mostra nesta reportagem como a década passada apresentou um propício cenário para a ascensão dos azarões no futebol brasileiro e revelaram gente relevante para a seleção brasileira. Recentemente, porém, a porta parece mais cerrada para o pelotão alternativo.