Minha primeira impressão do Qatar foi mais ou menos assim: eu desembarquei em Doha em agosto de 2018. Era 8h30 da manhã e eu pensava: 'Ah, não pode estar tão quente assim'. Saí do aeroporto sozinha e cheia de tralhas, porque eu vim para ficar. Aí a porta automática abriu e veio aquele bafo de, tipo, 40 graus logo cedo. Eu olho para um lado e vejo uma mulher vestida de abaya preta e lenço preto na cabeça. Olho para o outro lado e vejo um homem com aquela roupa tradicional branca e lenço na cabeça. Na hora eu penso: 'Onde eu vim parar? Por que é que eu vim para cá? Quem disse que o Qatar era legal?'. Estava a fim de dar meia volta e voltar para a sala de embarque. Eu só pensava uma coisa: 'Ferrou'."
Giordana Bido é de Novo Hamburgo-RS e foi para o Qatar fazer faculdade há quatro anos. Depois desse choque cultural (e térmico) no desembarque, a brasileira se adaptou aos costumes, regras e particularidades do país quase 12 mil km longe de casa. A vida é muito diferente do outro lado do mundo.
Segundo informou o Itamaraty ao UOL Esporte, a comunidade brasileira no Qatar é formada atualmente por pouco menos de duas mil pessoas. Nós conversamos com algumas mulheres (e um homem) para contar suas histórias de vida e entender as dificuldades de adaptação num país onde não se bebe, onde o código de vestimenta é diferente e onde as mulheres têm menos direitos do que os homens. Também é o país onde estarão os olhares do planeta inteiro daqui a dois meses por causa da Copa do Mundo.