No imaginário do futebol brasileiro, quando se fala em Fernando Diniz, talvez a primeira cena que venha à cabeça de torcedores e da crítica é a da saída de bola com os pés do goleiro para os zagueiros —quando Daniel Alves não está disponível—, supostamente correndo riscos dentro da grande área. A chamada "saidinha", que de alguma forma virou a jogada a simbolizar o que se presume ousado ou até louco na proposta de jogo do técnico do São Paulo.
Para os jogadores em seu convívio, dos medalhões às crias de Cotia, o que Diniz projeta em termos táticos nem é o principal, embora seja evidentemente importante. Esqueça os treinadores que gostam de falar sobre futebol com um vocabulário repleto de neologismos, pensando em formações mirabolantes. O que se escuta sobre o treinador ao redor do Centro de Treinamento da Barra Funda se volta mais ao modo como se relaciona com o grupo.
Não é por falta de aviso, de todo modo. O técnico do atual líder do Brasileirão, que tem um jogo para lá de importante hoje (16) contra o Atlético-MG, o segundo colocado, sempre reitera em suas entrevistas que o futebol não deve se limitar aos eventuais rabiscos numa prancheta. Mais errado ainda seria avaliar jogadores exclusivamente sob esse prisma, no seu entender.
Diniz é psicólogo de formação. Mesmo que o rótulo também não o deixe totalmente à vontade quando citado entre suas virtudes, o UOL Esporte mostrará a seguir como a busca por vínculos até profundos com atletas sempre foi sua meta —e pode estar por trás do sucesso hoje desfrutado na temporada. Foi, certamente, algo que lhe ajudou a permanecer no Morumbi até aqui.
O interessante é que, quando um grupo de jogadores prestigiados do São Paulo, com Daniel Alves e Hernanes entre eles, recomendou à diretoria de futebol sua contratação em setembro de 2019, o que eles tinham em mente eram justamente os ideais táticos. Eles queriam um professor. Também ganharam um amigo.