"Antes a gente falava em futebol inglês e pensava em lançamentos longos. Hoje muitas equipes jogam tocando a bola desde o goleiro, que saem jogando. Isso vem mudando bastante, os treinadores vêm colocando isso em prática", afirma o meio-campista Willian, hoje no Fulham, em entrevista ao UOL.
Aos 34 anos, ele é o brasileiro com mais jogos na história da Premier League. Um exemplo de sucesso que, em uma liga mais internacional - tanto em campo quanto no comando dos clubes -, encorajou a aposta em jogadores brasileiros.
"Acho que eu tenho uma parcela de contribuição para que isso pudesse acontecer: abrir portas para outros brasileiros. A Premier League é uma liga especial. Todo mundo sonha em jogar na Premier League hoje em dia. Todo brasileiro que pensa em jogar na Europa, pensa na Premier. Para mim é a melhor liga do mundo já há alguns anos", acrescenta o meia, que chegou ao Chelsea em 2013 e defendeu o clube por sete temporadas.
O êxito de brasileiros como Willian durante a fase em que a Premier League mais cresceu esportiva e economicamente teve um impacto grande na política de contratação dos clubes. Com a mudança tática, gramados melhores e equipes mais globalizadas, a busca por jogadores mais técnicos tornou-se um caminho natural.
"Eles reconhecem o talento do jogador brasileiro e vão atrás. Se o atleta conseguir se adequar ao estilo de jogo com mais contato, dá para fazer sobressair a parte técnica. Acho que a parte técnica é o que mais agrada ao pessoal da Premier League", avalia Gustavo Scarpa, em entrevista ao UOL.
Além de uma adaptação mais fácil ao "novo" estilo de jogo da Premier League, o perfil da atual geração de atletas brasileiros também ajuda: se antes os jogadores do país eram vistos com ressalvas por causa do comportamento fora de campo, agora eles se tornaram exemplos dentro dos clubes.
É o caso, por exemplo, de Bruno Guimarães, maior ídolo atual da torcida do Newcastle. O meio-campista já teve propostas para sair da equipe do norte da Inglaterra - inclusive do Real Madrid -, mas a diretoria bancou a permanência. Outro exemplo é Casemiro, líder do Manchester United em campo e considerado exemplo de comprometimento pelo clube inglês.
"O jogador brasileiro está mudando. Os mais novos estão chegando e se adaptando com mais facilidade ao futebol europeu, os próprios clubes estão ajudando nisso. O brasileiro está mudando a mentalidade, percebeu que precisa ser mais profissional, pensar mais na carreira", afirma o lateral-direito Vitinho, do Burnley, líder da Championship, a segunda divisão inglesa, e que já garantiu o acesso à Premier League. Na próxima temporada, ele deve engrossar a lista de representantes brasileiros na competição.