No Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio, vivem cerca de 70 mil pessoas. Aos moradores do Alemão são negados muitos direitos, e um deles parece tão banal que outros cariocas talvez nem o considerem um direito: o acesso ao mar.
Para chegar à praia mais próxima do morro leva-se cerca de uma hora. Muitas crianças da favela crescem diante de uma estranha contradição: moram em uma cidade celebrada no mundo inteiro por suas praias, mas conhecem o mar apenas pela televisão. Desde 2010, um projeto social instalado no coração da comunidade leva crianças à praia para ter aulas de surfe e oferece a elas uma alternativa de vida.
Idealizado pelo empreendedor social Wellington Cardoso, o "Surf no Alemão" dá transporte e aulas gratuitas de surfe a crianças da comunidade, mas, no fundo, faz mais que isso. O esporte é apenas uma motivação para que meninos e meninas do Alemão mergulhem em uma realidade diferente da que eles estão acostumados. "Nosso foco é dar alguns prismas para a criança", afirma Wellington, ele mesmo uma "cria" do Alemão. O projeto já atendeu por volta de 200 crianças e chegou a ter uma fila de 100 pessoas à espera de uma oportunidade de surfar na praia.
O "Surf no Alemão" não formou nenhum surfista profissional, mas esse nunca foi o objetivo. Entre os que aprenderam a pegar onda ali estão Luís Fernando Rego, que hoje é bailarino profissional na Dinamarca, se formou na escola mais importante do mundo e já dançou para a rainha Margarida II. A seguir, o UOL Esporte conta as histórias dos surfistas do Alemão.