"Eu gostaria de ser mais profissional, e menos emotivo, sabe? Mas eu sou italiano, sou assim. Viajo dentro dos times que estou, pego problema como se fosse meu desde criancinha. Tento arrumar tudo. Eu respiro, eu durmo, moro nas concentrações. Eu viajo e mergulho de cabeça, né?"
Em uma carreira que apresenta hoje no currículo títulos de estaduais, Brasileirão e Libertadores, Cuca realmente se apresentou com um treinador que veste a camisa do time. Criou, assim, rápida e invariavelmente, uma identificação rápida com diferentes torcidas.
O estilo do treinador por vezes parece até visceral, à beira do campo ou mesmo longe das câmeras. Mesmo sendo proprietário de um apartamento em São Paulo, ele não se furtou, por exemplo, de morar no CT da Barra Funda por um tempo para mergulhar no dia a dia tricolor. Tal conduta cobrou um preço alto pensando em sua saúde —algo que compenheiros de profissão como Muricy Ramalho e Dorival Júnior também viveram.
A cobrança veio quando ele dirigia o Santos, em 2018. Na época, Cuca apresentou um problema de calcificação de uma artéria. Mesmo no comando do São Paulo, no ano seguinte, ainda não estava 100%.
É lógico que para eu que sou assim, o Muricy, que é assim, e o Dorival vai ter uma consequência pessoal pior e maior. Mas está no preço de cada um. Cada um tem uma personalidade, e eu não vou mudar. Vou continuar assim, quero morar de novo no CT do próximo time. Quero poder ajudar novas equipes, ser campeão de novo. Tenho muito gás ainda para queimar no futebol."
Após oito meses longe dos gramados, Cuca agora se diz recuperado —até emocionalmente— e já planeja o retorno depois da paralisação no futebol por causa da pandemia do novo coronavírus. Teve, inclusive, sondagem do futebol latino.
É claro que vou voltar. Tive propostas do Brasil e do exterior também. Até um pouquinho antes da pandemia recebi o convite e estava conversando com o pessoal do Colo-colo, melhor deixar mais para frente para quem sabe um dia trabalhar lá. Estava na iminência de voltar a trabalhar. Torcer para que apareça um lugar bom, que a gente consiga ajudar. Com o Colo-Colo, do Chile. Junto veio a pandemia e achamos melhor deixar mais para frente."