José Luiz Datena está cansado de apresentar programas policiais. Diz que é impossível ser feliz assim. Também diz que não precisa de muito mais tempo de vida: "Ficar velho é uma grande merda. Dá tudo errado. Você fica mal, tem problema de saúde pra cacete, começa a broxar, dar problema pra família. Não vejo graça nenhuma. Acho legal para os outros que chegam aos cem anos, mas meu projeto de vida não é viver tanto assim".
Só que por trás dessa casca, criada por duas décadas de contato direto e diário com notícias sobre violência, há um Datena que ainda sorri. O jornalista de 62 anos tenta esconder e até jura que não assiste mais aos jogos do Corinthians, seu time do coração. Mas um escudo do clube feito de madeira decora seu camarim na sede da Band e ajuda a desmenti-lo.
O futebol ainda permanece vivo naquele que um dia foi um repórter esportivo descolado, especialista em matérias bem-humoradas e, claro, sem pudor. As lembranças da bola provocam os maiores sorrisos e são capazes de fazê-lo pensar no futuro. E é por elas que Datena nos convidou a viajar durante quase duas horas de entrevista:
Meu, o que eu vou falar? Isso me lembra um livro do Che Guevara, O Diário da Motocicleta, que virou filme depois. Ele mesmo escreve no começo do livro: "Olha, isso aqui é a minha vida. Se você gostou, legal. Se você não gostou, que você se exploda, cara".