Eu já realizei muitos sonhos, mas Copa do Mundo é um negócio que mexe demais comigo. A Copa de 2002, do penta, foi quando eu comecei a ter minhas lembranças de futebol. Tinha o quê? Uns sete, oito, anos de idade. Naquela época, brasileiro ia tudo ver jogo, pintava a rua, colocava as bandeirinhas de um lado pra outro da rua. Era Brasil, era Copa do Mundo e todos paravam pra assistir isso.
Eu tinha pôster daquela seleção na parede do quarto. Era do Ronaldo Fenômeno. Até me perguntaram recentemente se eu posso virar pôster na parede da criançada se o Brasil for campeão. Pô, às vezes a gente não tem noção desse contraste todo, né? Um dia você é moleque, é torcedor e está vendo os jogadores. Depois, é você que está fazendo esse papel. Você virou alguém para esses menininhos se orgulharem.
Na época, não pensava em ser um ídolo do futebol. Nunca, não tinha malícia nenhuma. Só queria ver meus ídolos. Nem queria saber o que eles faziam fora de campo, se tinham jogado bem ou não. Pô, o cara jogava bola na seleção brasileira! Ele era meu ídolo, coisa de outro mundo!
Uma coisa que sempre me perguntam é como eu explico o distanciamento do torcedor da seleção. Quando paro para pensar nesse assunto, eu lembro dessa pureza das crianças. É com elas que você pode medir o calor.
O mundo mudou desde a época que eu era moleque. Hoje, a gente vive no mundo das redes sociais você entende o que o jogador faz da vida dele, o que não faz. Esse acesso ao jogador forçou o lado bom e o lado ruim das coisas.
O lado bom é essa proximidade. O ruim é que esquecemos um pouco daquela mística de jogador de seleção que eu falei. Futebol é paixão, é amor, é a nossa infância fora da tela. É isso que quero que fique mais gravado: quero criar uma relação genuína, do jogador com a criança, de seleção com torcedor.
De nossa parte, o que temos de fazer é conseguir resultados. Jogar bem, fazer as coisas direito, trabalhar. É isso que o torcedor quer ver: jogadores fazendo o melhor e dando o máximo de si em campo. O espetáculo nem sempre virá, principalmente nesse futebol atual. As seleções são bem treinadas para dificultar o nosso jogo. Eles analisam o Brasil e treinam para isso. O que podemos sempre prometer é entrar querendo a vitória.