Não podia ser verdade. Não de novo, não comigo... Olhei para o cronômetro, nem três minutos de jogo. Ali, no centro da área, Lukaku bateu o pênalti e converteu. Eu assumo meus erros, não adianta arrumar desculpa: fiz a penalidade que fez a Inter de Milão abrir o placar na final da Liga Europa 2019/20.
Poucas horas antes, ainda no ônibus, meus companheiros brincaram comigo: "vê se não vai fazer outro pênalti". Isso é coisa para se falar numa hora como aquela? Eu tinha cometido a infração nas quartas e nas semifinais. Era o terceiro consecutivo, logo em uma competição tão importante e em meu primeiro ano de Sevilla.
Quando falaram aquilo, eu respondi: "se eu não fizer, nós não ganhamos". Faltava agora fazer a segunda parte valer. Lembrei do meu pai, que falava que tudo era culpa do zagueiro, mas lembrei também do hino do Sevilla: "nunca se renda".
Viramos o jogo, mas o Godín empatou e o movimento que ele fez naquela jogada me chamou atenção. Resolvi repetir. Quando a falta foi cobrada, ameacei entrar para cabecear e voltei. A zaga cortou mal, a bola sobrou no alto e eu virei. Virei uma bicicleta com toda a minha força, com tudo que tinha dentro de mim, toda a luta e as dificuldades para poder estar ali na final daquele torneio.
Quem estava ali no meio da área para acidentalmente desviar a bola para dentro do gol? Ele: Lukaku. Deram o gol para ele, mas foi meu. Dessa vez, o zagueiro levou a culpa. Mas a culpa pela taça de campeão da Liga Europa.