O exército de Telê

Disciplinador, técnico montou um São Paulo revolucionário, pioneiro e bicampeão mundial

Marinho Saldanha e Roberto Salim Colaboração para o UOL, em Porto Alegre e São Paulo David Cannon/Getty Images

Pode parecer inatingível hoje em dia, mas nem sempre foi assim. Há 30 anos, o São Paulo conquistava dois títulos mundiais seguidos. A equipe que bateu o Barcelona em 1992 e o Milan em 1993 foi construída com uma disciplina estilo militar, sob tutela do comandante Telê Santana.

Mas não se engane. O treinador não apenas cobrava que os jogadores seguissem suas regras à risca em campo. Também expandia seus conceitos para a vida, influenciando decisões que iam muito além de instruções táticas a seus comandados.

Como um bom general, ele também era estrategista e valorizava toda informação que pudesse ter, cada dado que lhe conferisse vantagem no objetivo final: a vitória. Para derrubar gigantes, o regente tricolor esteve muito além de seu tempo, e foi abastecido por grandes companheiros.

Se hoje são comuns mapas de calor e scouts de jogos, Telê os tinha de forma manual e tomava decisões já amparado por estatísticas. Mesmo sem literatura acessível na época, sua comissão buscou uma forma de lidar — com sucesso — com um dilema presente até hoje no futebol sul-americano: a altitude.

Entre brincadeiras e momentos duros, o São Paulo se construiu como último brasileiro bicampeão mundial assim. O UOL vai contar essa história no filme És o Primeiro, documentário que estará, em breve, disponível na íntegra no UOL Play. Experimente a plataforma e tenha acesso a um universo de conteúdo, como séries e filmes premiados, canais ao vivo e desenhos.

David Cannon/Getty Images
Andre Porto/UOL

O quartel da Barra Funda

O regimento de Telê Santana tinha como quartel o CT da Barra Funda. Era lá que moravam todos os jogadores solteiros na época e também o treinador. Ali ele conseguia controlar a vida particular dos comandados, como horários, visitas e rotinas.

"Ele tinha os solteiros sob o guarda-chuva dele para nada escapar. Imagina você morar com seu treinador? Dependendo do horário que sair no corredor, ele já te olhava assim, tipo, o que você está fazendo meia-noite no corredor? Você deveria estar dormindo", contou Marcos Bonequini, goleiro reserva do São Paulo na época.

Certa vez, Válber e Macedo descumpriram o regime. A dupla resolveu aproveitar a noite em São Paulo e tentou "driblar" o regulamento. Depois de ficar até as 4h numa balada, o plano para conseguir entrar no "quartel" era simular que o veículo em que estavam tinha estragado. O capô do carro de Válber foi aberto, ambos chegaram empurrando. O problema é que o segurança da portaria ameaçou ligar para Telê.

"Eu avisei ao Válber que o Telê era rígido, que não iria dar", lembrou Macedo. "Chegamos gritando, abre o portão, estamos empurrando o carro há uma hora. O segurança disse que pelo horário só poderia abrir se ligasse para o Telê. Na hora nós falamos: Não liga para o Telê, pelo amor de Deus".

A tática não deu certo. O treinador foi informado do caso, multou ambos com 30% do salário e avisou que seria a última chance. O regime de concentração imposto aos jogadores tinha por objetivo manter todos na linha. Qualquer ação que pudesse abalar as conquistas que estavam por vir e o futuro dos atletas (isso eles entenderiam só mais tarde) era definida como 'deserção' e o infrator sofria as consequências.

Broncas eram comuns

Bronca do Telê era todo dia, era normal, em qualquer situação. Eu tive que mostrar minha declaração de imposto de renda para o Telê porque ele achava que eu só estava comprando carros. E a gente sentia falta quando ele não cobrava alguma coisa, o que era muito raro.

Palhinha, ex-meia do São Paulo

Eu cheguei ao São Paulo quando tinha sido artilheiro da A2. O Telê que mandou me contratar. Eu cheguei lá e ele disse: 'Você não sabe cabecear e não sabe chutar'. Eu sabia cabecear, mas ele queria que cabeceasse do jeito dele.

Macedo, ex-atacante do São Paulo

Reprodução

Cabelo de uma noite

Nem mesmo o cabelo de Macedo escapou de Telê Santana. O extrovertido atacante era bom de bola, mas, de vez em quando, aprontava, chegava atrasado na concentração e tinha atitudes típicas dos jovens que estão conhecendo o sucesso. Telê olhava Macedo com atenção. Certa vez, ele tinha planejado mudar o visual. Avisou amigos, a imprensa, alertou todos que se preparassem para uma novidade extravagante.

Foram 10 horas no cabeleireiro para montar o 'penteado do Gullit'. Aos mais jovens, ou quem não se recorda, Ruud Gullit era um meio-campista holandês que na época defendia Milan e ostentava uma vasta cabeleira. Eram cabelos longos e trançados que iam até abaixo dos ombros. Bem diferente do visual do atacante brasileiro.

O plano era apresentar o cabelo novo no dia seguinte para todos, mas ele não contava com Telê. O treinador viu a arte capilar no caminho para o treinamento e logo questionou outros atletas sobre a atitude. Ainda que Cafu tenha tentado contemporizar, veio a temida frase: "Aqui quem manda sou eu".

Macedo ouviu o que ninguém gostaria naquele momento. "Se não tirar esse cabelo, não joga". Dito e feito, mais três horas para remover o penteado, que foi batizado pelo próprio jogador como 'Cabelo de uma noite'.

O caminho do campeão

  • 1992 - Libertadores

    Em 1992, o São Paulo avançou em segundo no grupo 2 da Libertadores. Depois despachou Nacional, do Uruguai, Criciúma e Barcelona de Guayaquil, do Equador, no mata-mata. Na final, bateu o Newell's Old Boys, da Argentina, nos pênaltis.

    Imagem: Arquivo Histórico do São Paulo Futebol Clube
  • 1993 - Libertadores

    Como atual campeão, o São Paulo entrou direto nas oitavas de final da Libertadores de 1993 porque era assim que o regulamento funcionava. De cara reviveu a final do ano anterior e despachou o Newell's. Depois eliminou o Flamengo, o Cerro Porteño, do Paraguai, e venceu o Universidad Católica, do Chile, na decisão.

    Imagem: Divulgação/São Paulo
  • 1992 - Mundial

    No Mundial, o São Paulo bateu o Barcelona de virada, por 2 a 1, com dois gois de Raí.

    Imagem: Arquivo Histórico / saopaulofc.net
  • 1993 - Mundial

    O São Paulo foi bicampeão ao bater o Milan por 3 a 2. Gols de Palhinha, Toninho Cerezo e Muller.

    Imagem: Divulgação/São Paulo
Arquivo Folhapress

Ler jornal, cantar o hino

Não bastava ter bom rendimento em campo e um comportamento adequado, Telê Santana exigia algo mais de seus jogadores, sempre. Foi assim com Palhinha, que aprendeu detalhes que levou para a vida.

E como todo quartel, não poderia faltar o hino. Era a música que o armador escutava também diariamente.

"Todos os dias eu escutava o hino do São Paulo. Ia para casa, voltava para o treino, no ônibus, sempre o hino do São Paulo. Foi um divisor de águas na minha vida. Em tudo. Cheguei ao São Paulo, eu gostava muito de comer arroz e feijão, e comia de colher. Gostava de andar descalço. Tive que aprender a comer de garfo e faca, a me comportar. O São Paulo me fez gostar de teatro, de cinema, de show", disse o antigo meia.

Palhinha ainda precisava ler o jornal diariamente. Depois, era sabatinado por colegas de time. Ronaldo, Zetti e Raí questionavam quais as novidades presentes para se certificar que a missão tinha sido executada.

"Eles diziam: você não pode falar só de bola. Depois faziam escola, me perguntavam do dólar, da economia, da saúde", contou.

Se o São Paulo ia jogar no Equador, no avião te entregavam um papel. Ali você ia lendo o que tem lá, comida, costumes, pontos turísticos. Você tem que saber onde você vai, cara.

Palhinha, ex-meia do São Paulo

Eu tive um pai militar. Meu pai não foi tão linha dura quanto o Telê.

Marcos Bonequini, ex-goleiro do São Paulo

ORLANDO KISSNER/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Conceito de estratégia

Não há exército que se movimente sem estratégia. Telê sabia disso. Não apenas com orientações aos soldados no campo de batalha, mas pelo apreço a qualquer informação que o colocasse mais perto da vitória.

Se hoje é fácil encontrar mapas de calor, estatísticas e detalhes de um jogo que te fazem entender, ou parecer entender, o que acontece no campo, há 30 anos não era bem assim. Mas a inovação também estava no repertório são-paulino.

Não eram notebooks, GPS ou softwares que adornavam as mãos dos membros da equipe de Telê, mas papel e caneta.

Foi o fisiologista Turíbio Leite de Barros que bolou uma forma de entender quanto cada jogador corria durante uma partida. Numa folha, desenhava o campo do Morumbi numa escala de um para 300. E criou uma legenda para transformar anotações em estatísticas.

"Eu ficava sentado na arquibancada vendo um jogador. Só poderia fazer um por vez. Ficava de olho só nele. Percebia onde ele estava e colocava o lápis no papel. Ele se deslocava caminhando, eu fazia pontilhado. De repente ele dava um pique, eu fazia uma linha continua no percurso. Depois era trotando, e eu fazia uma linha tracejada. Se ele parava, eu fazia um círculo", contou.

"Eu acompanhava o tempo todo e trocava de folha, com campo, a cada 15 minutos, senão ficaria um emaranhado. Acabava a mensuração, eu media em centímetros cada percurso. Quando multiplicava por 300 (pela escala) tinha em metros. Eu chegava para o Moraci (Sant'Anna, preparador físico) e entregava quanto cada jogador se deslocava caminhando, correndo ou no trote", acrescentou.

Hoje em dia se vê jogador com aquela espécie de sutiã que segura um GPS nas costas. Todo mundo sabe que o GPS te dá deslocamentos com precisão. Naquela época, a gente queria ter isso, queria saber: um jogo de futebol significa correr quantos quilômetros. Notamos que variava enormemente de acordo com a função tática do cara. Foi a primeira vez que alguém fez isso aqui no Brasil.

Turíbio Leite de Barros, ex-fisiologista do São Paulo

Reprodução/Instagram

Lição para Microsoft

Até mesmo a Microsoft foi influenciada pelos comandados de Telê no São Paulo. Bill Gates teve a sorte de ter um funcionário apaixonado pelo Tricolor e que levou os computadores — muito distantes da capacidade atual — ao clube no início dos anos 1990.

Era Flávio Viana que teve contato com Moraci Sant'Anna, preparador físico do time, e ofereceu a utilização da tecnologia para ajudar nas anotações de estatísticas técnicas que ele fazia manualmente. Depois de 45 minutos de explicação aos programadores, o auxiliar tecnológico foi montado. Mas a máquina errou.

"Quando fechou 10 jogos eu fui fazer a média, em cima do Excel, e notei que dava errado. Notei que se a soma dava 140 passes errados, por exemplo, divididos por 14 atletas daria 10, mas não dava. Quem tinha dado uma ação que dava zero, considerava nulo (no programa), porque zero não era considerado, o jogador era descartado do total de atletas. E isso na estatística dá errado", contou Moraci.

Moraci contou para Viana que levou o erro para a empresa. A falha foi corrigida e já em 1992, ano da primeira conquista do Mundial, o computador virou parceiro de reservado do profissional. No Japão, durante a disputa, houve matéria da imprensa local e uma câmera durante o jogo destinada apenas a observar o uso da tecnologia.

Se hoje é comum o analista de desempenho passar informações ao longo do jogo aos treinadores, naquela época, sem o mesmo glamour, já era realidade. "Eu falava pro Telê no meio tempo quem tinha mais rebotes, estamos chegando por um lado, por outro, alguma coisa eu falava, porque ele podia falar aos jogadores", finalizou.

Jorge Araújo/Folhapress Jorge Araújo/Folhapress
ORLANDO KISSNER/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Aprender a escalar a montanha

Outro fator que ainda soava estranho aos envolvidos no futebol e que atualmente é tratado com certa naturalidade é a altitude. Os efeitos de jogar muito acima do nível do mar eram pouco estudados há 30 anos. Não havia a vasta literatura disponível atualmente sobre o tema.

"Foi uma coisa minha e do Turíbio (Leite, fisiologista), Criamos o 'projeto Tóquio'. Queríamos fazer uma boa temporada, conquistar a Libertadores e chegar a Tóquio. Planejamos em fevereiro. O primeiro obstáculo: a altitude", contou Moraci Sant'Ana.

Novamente, o São Paulo buscou a inovação e criou uma forma de simular a altitude no CT da Barra Funda. "Sabemos o quanto de oxigênio no ar tem em La Paz. Dá pra pedir para White Martins (empresa) fazer um cilindro de gás com menos oxigênio. Daí os jogadores faziam testes correndo na esteira, só que em vez de estarem respirando oxigênio, estavam respirando aquele ar manipulado. Eles faziam exercícios na altitude. A manchete do jornal era: Uma La Paz no CT da Barra Funda", explicou Turíbio.

Outra estratégia utilizada na época foi chegar ao local da partida pouco antes do jogo. A informação veio de contatos com médicos bolivianos que alegaram que a chegada tardia reduz os efeitos da altitude.

Só que ninguém contava com a 'altitude psicológica' que afetou Macedo. O atacante já se queixava de sintomas em Santa Cruz de La Sierra, cidade escolhida para abrigar a delegação antes da partida na altitude. "No aeroporto ele falou que estava passando mal. Mas eu falei: nós estamos mais baixos que São Paulo", sorriu Moraci. "Ele entrou no segundo tempo, deu dois piques e falava para o banco: me tira, me tira que eu vou morrer (risos)", completou.

Foram dois jogos na altitude na fase de grupos da Libertadores de 1992. Em La Paz, o Tricolor empatou por 1 a 1 com o Bolívar. Em Oruro, venceu o San José por 3 a 0 com três gols do Palhinha, o jogador que melhor reagiu aos pioneiros testes feitos no Brasil.

Eu estava com 21 anos, o Telê me disse (dos efeitos da altitude) para eu entrar devagar. Fiz duas jogadas, fui no fundo, o Palhinha fez dois gols. Fui voltar correndo e sentia uma brasa no meu peito. Não aguentei, pedi para sair. No vestiário, o Palhinha e o Cafu me zoando. Falaram: vai lá, herói. Mas o importante é que fiz duas jogadas e saíram gols.

Macedo, ex-atacante do São Paulo

O seu Hélio, coitado, era o massagista, já com uma certa dificuldade para andar que ele sempre teve. Foi tentar ir o mais rápido possível para atender o Macedo. Aos poucos ele foi diminuindo a velocidade, diminuindo com o cilindro de oxigênio na mão. De repente ele sentou, colocou o cilindro nele mesmo e ficou ali, usando até passar (risos)

Turíbio Leite de Barros, ex-fisiologista do São Paulo

Divulgação

Outros tempos, outros costumes

O comandante do bicampeonato do São Paulo não era só cobrança ou foco na vitória. Telê também buscava ajudar com atitudes os jovens que estavam sob suas ordens.

Foi assim com Ronaldo Luiz. O treinador não gostava que seus jogadores gastassem o dinheiro que conquistavam no futebol com futilidades como carros e festas. Porém, apoiava investidas mais firmes, tais como a compra de um apartamento, considerado investimento de olho no futuro.

Num bate-papo após treinamento, Telê ficou sabendo que a compra de um apartamento dependia da renovação. No dia seguinte veio a oferta e o acerto com o clube, três meses antes do fim do contrato. Não estava em jogo ali o quanto Ronaldo poderia ajudar a equipe, mas a diferença que faria para sua vida a aquisição.

Mestre para sempre

Eu tinha ele como um pai, via ele assim. Sempre soube e acreditei que queria o nosso bem. Por isso eu não aprontava. Tudo que ele falava era para o bem. Eu tinha um relacionamento muito bom com ele.

Ronaldo Luiz, ex-jogador do São Paulo

Meu filho hoje joga no Praiense, em Portugal. Eu ensinei a ele a batida que o Telê me ensinou. O que eu aprendi com ele, passei para o meu filho, passo para o meu sobrinho que hoje está no sub-11 do São Paulo. É para o bem deles.

Macedo, ex-atacante do São Paulo

Arquivo Histórico do São Paulo Futebol Clube

Comandante para eternidade

Telê Santana foi um dos mais importantes treinadores do futebol brasileiro. Além do bicampeonato da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo, conquistou Estaduais por Fluminense, Atlético-MG, Grêmio e São Paulo. Ainda foi campeão do Brasileirão duas vezes, da Recopa, da Copa do Rei Árabe, do Campeonato Saudita e da Copa do Golfo.

Comandou a seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1986 e, antes, em 1982, quando montou um time eleito por muitos até hoje como dos melhores da história do futebol. Aquela seleção foi inspiração para Pep Guardiola, que, depois, enfrentou o time de Telê pelo Barcelona 1992.

Além disso, recebeu uma série de títulos individuais, e esteve, em 2019, numa lista de 50 principais técnicos de futebol de todos os tempos feita pela revista francesa France Football.

Mestre Telê, como era conhecido, morreu em 2006, aos 74 anos, após cerca de um mês internado em razão de uma infecção abdominal, que ocasionou falência múltipla dos órgãos.

Telê virou nome de rua, de estádio, de hotel que serve como concentração e está para sempre na história do futebol brasileiro.

O São Paulo, quando foi jogar os Mundiais de 92 e 93, fomos lá para ganhar. Hoje os brasileiros vão lá para perder de pouco. Nós jogávamos diferente, e quando entrávamos em campo, as pessoas nos viam diferente. Quando voltamos do Mundial, tínhamos a final do Paulista contra o Palmeiras, se falava que o importante era o Mundial... Conversa fiada! Nós queríamos ganhar de novo. E ganhamos de novo.

Palhinha, ex-jogador do São Paulo

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