A decisão de José Pereira de deixar para trás a vida de cortador de cana-de-açúcar no povoado de Barra da Tapera, em Águas Belas, no sertão pernambucano, mudou a vida de toda a família, principalmente da filha Teliana Pereira, que mais tarde se tornaria uma das maiores tenistas do Brasil. Foram quase 3 mil quilômetros até Curitiba, capital do Paraná. Como um desbravador, o pai foi sozinho em busca de emprego e melhores oportunidades e só conseguiu levar a família inteira dois anos depois.
José, que já tinha dois irmãos morando na capital paranaense, trabalhou na construção civil e fez pequenos bicos. Enquanto, no sertão pernambucano, a mulher, Maria Nice lidava com a ausência do marido e com o luto pela morte de uma das filhas, de apenas sete meses, por desidratação. Quando conseguiu se fixar como "faz-tudo" em uma academia de tênis, José buscou toda a família para viver com ele.
Na longa viagem de ônibus, a pequena Teliana começava a ver um mundo diferente, embora ainda não conseguisse entender exatamente o que estava acontecendo. "Todo mundo no ônibus, eu era muito nova, não tinha muita consciência de tudo que estava acontecendo. Eu tenho um pouquinho dessa lembrança. Eu lembro da gente chegando na ruazinha da casa que a gente morava em Curitiba. Nossa primeira casa, asfaltada, né, sendo que lá onde eu morava era tudo de chão. Já tem algo diferente aqui, né?", relembra, em entrevista ao UOL.
A pequena Teliana ainda não sabia, mas iria descobrir muito mais coisas diferentes. O mundo se abriria para ela. Ela iria conhecer outras cidades, Estados e países, com uma raquete de tênis nas mãos, e alcançaria um posto entre as 50 melhores tenistas do mundo. Teliana anunciou a aposentadoria das quadras em setembro deste ano, aos 32 anos, mas o amor pelo tênis continua vivo dentro dela, igual na infância.