Os Jogos Olímpicos de Tóquio começam em 72 dias. Será a primeira Olimpíada desde que a Agência Mundial Antidoping (Wada) suavizou punições por uso de drogas recreativas, chamadas de "sociais" (maconha, cocaína, heroína e ecstasy) e retirou da lista de substâncias proibidas o canabidiol, um dos derivados não psicoativos da maconha.
O processo começou em 2018 e hoje o debate está quente, incluindo no Brasil: no ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou pela primeira vez a venda de um remédio à base da planta. Também está próxima de votação uma lei que promete facilitar o acesso a remédios com substâncias da Cannabis, mas há resistência de setores sociais e do governo federal.
Por outro lado, personalidades públicas divulgam cada vez mais os benefícios. Uma delas é o ex-pugilista Maguila, que usa o canabidiol para controlar uma doença degenerativa no cérebro —segundo médicos e familiares disseram ao UOL, o tratamento melhorou sua qualidade de vida.
O uso medicinal da maconha não é novo. A novidade é a relação com o esporte: como uma substância derivada da maconha pode fazer a diferença de um jeito positivo? Essa é uma das perguntas que tentamos responder. Apesar da escassez de estudos clínicos sobre a influência da Cannabis no esporte, já existem artigos, publicações científicas e, principalmente, observação clínica. Alguns atletas que passaram a usar medicamentos compostos por canabidiol, também chamado pela sigla CBD, têm experiências positivas para compartilhar. Conversamos com dois que estarão em Tóquio.
O preconceito histórico em relação à maconha e o boom de aproveitadores também são assunto aqui. É hora do debate, não de tabus.