Eder Jofre se acomodou por mais um dia na mesma poltrona em que costumava se sentar quando visitava seu neurologista. A seriedade da ocasião só era interrompida pelas piadinhas típicas do maior pugilista brasileiro da história.
Entre as perguntas sobre como se sentia, detalhes da rotina e a quantas andavam os resultados do tratamento iniciado cinco anos antes, o médico Renato Anghinah iniciou um diálogo despretensioso.
"É uma pena que muitos lutadores não queiram doar o cérebro para estudos. Muhammed Ali [que tinha Parkinson] não aceitou, por exemplo", disse.
"Ah, eu não me importo em doar o meu", avisou Eder Jofre.
Um silêncio denso pairou sobre o consultório, na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. A filha, Andrea Jofre, surpreendeu-se com a fala do pai. O genro, Antonio Oliveira, deu um sorriso. Até o sério doutor Renato se rendeu.
O clima, então, foi abruptamente quebrado.
"Só espera eu morrer antes, por favor."