Foi somente depois de 16 anos vagando pela Europa - entre Alemanha e França, onde defendeu o Lyon - que Élber finalmente voltou para atuar em seu país de origem, em 2006. O clube escolhido foi o Cruzeiro, em uma passagem que podia ter sido ainda mais produtivo não fossem as lesões que já o acompanhavam há algum tempo. Ainda assim, foram nove gols em 27 jogos e o título do Campeonato Mineiro na conta.
"Eu estava com o tornozelo já meio baqueado de uma contusão que aconteceu na França, mas o Cruzeiro foi maravilhoso. Se eu soubesse, teria vindo um pouco antes para jogar mais tempo. Eu gostei demais de ter jogado em BH. O clube sério e, na época, o Perrella [então presidente Zezé Perrella] falou: 'Élber, sei que você pode ganhar muito mais do que vai ganhar aqui, mas estou falando o que posso pagar, eu vou te pagar'. Isso foi o ponto principal. E ele pagou certinho, não teve um mês de atraso", disse.
Élber também teve contato com um aspecto negativo do futebol brasileiro: a violência das torcidas organizadas. Mas nem isso atrapalhou a boa impressão: "A cidade de Belo Horizonte foi muito boa, a torcida foi maravilhosa mesmo num período ruim em 2006, quando a gente estava em primeiro e começou a cair após a Copa do Mundo. Acabamos ficando em décimo lugar no Brasileiro. A torcida veio na frente da Toca para quebrar tudo", lembra.
"Eu saí e fui conversar com os caras. Falei: 'Não é assim. Não somos bandidos. Os jogadores jovens estão lá morrendo de medo de sair, de ser espancados por vocês. Tem que entender que não está dando certo, mas a gente vai tentar melhorar no próximo jogo'. A torcida entendeu: 'Bacana que você vem e dá a cara a tapa'. Era uma situação que eu nunca tinha vivido, então achei que tinha que dar uma satisfação aos torcedores".
O adeus de Élber
"Encerrei a carreira no fim de 2006. O tornozelo já não vinha aguentando. O Perrella ainda falou: 'Você tem mais um ano de contrato. Fica para ajudar os garotos, como já vem ajudando', mas eu falei: 'Perrella, quem está lá em cima assistindo ao jogo não sabe a dor que estou sentindo ou vou sentir depois do jogo".
"Queria chegar em casa um dia e poder jogar bola com meu filho, correr com ele. E, se eu continuasse, acho que não conseguiria fazer isso. Foi uma decisão difícil, mas faz parte do futebol".