Nas férias, sempre vou pra onde eu cresci. Hoje vou menos, o tempo passa e fica mais complicado. Mas a favela é um lugar bom, mano. Quem não conhece pensa que é um matando o outro. Não. Acontece o que acontece em todo lugar.
Eu tenho uma tatuagem da favela e dentro tem uma frase de uma música que meu pai que escreveu: "Eu não sei se é nome ou se é vulgo, só sei que é chamado por nós de favela". Eu trago no corpo. Tenho outra na perna: "Da favela para o mundo".
Essa é uma frase mais forte, que me faz pensar muito nessa coisa de sair do nada pra conquistar tudo, tá ligado? Sair de um lugar humilde e chegar lá. O que foi ruim que eu vivi na favela já deixei pra trás. Agora o bom, a simplicidade, a humildade, o querer ganhar e ajudar a família, isso trouxe comigo e me tornou quem eu sou hoje.
É por isso que eu não desisto nunca dos meus sonhos, tipo jogar a Copa do Mundo esse ano. Outubro tá muito longe, pô, eu tenho condições de estar lá. Eu tô na melhor liga do mundo e em um dos maiores clubes do mundo, que é o Tottenham. Tô disputando em alto nível e com muita intensidade com os melhores jogadores do mundo. Então, a Copa não tá distante de mim.
De onde eu saí, as pessoas são muito desacreditadas. Mas quando eu vou até lá, eu coloco isso dentro da cabeça da criançada: não é de onde você sai, mas a mentalidade que você tem. A minha mentalidade agora é de trabalhar muito e honrar minha história. Deixa eu te contar um pouco mais dela, pode ser?