Ex-companheiros de time, Amaral, Luís Pereira e Basílio chegaram ao hospital do Mandaqui, para onde Enéas havia sido levado, antes dos familiares. Eles também agiram para transferi-lo ao hospital Samaritano.
"Vimos o Enéas no corredor do hospital, tratado como indigente, ainda na maca. Estava um frio do caramba e ele estava sentindo frio. Ligamos para o doutor Joaquim Grava e falamos lá para o pessoal do hospital: 'Esse cara deu muitas glórias para o futebol brasileiro, não é assim que se faz, não deixa ele aqui não'. Não deu cinco minutos e ele estava no quarto. Colocaram lençol, cobertor e trataram bem diferente de como ele estava quando a gente chegou", conta Amaral.
Basílio foi o responsável por avisar à família de Enéas sobre o acidente. E os jogadores notaram que o caso do companheiro era complicado. Enéas teve uma parada cardíaca e traumatismo craniano. Com a ajuda de Joaquim Grava, os médicos conseguiram ressuscitá-lo no pronto-socorro.
"Não tinha desfibrilador, não tinha nada aí. Eu fiz respiração boca a boca no Enéas e o plantonista fazendo massagem cardíaca. O Enéas saiu da parada cardíaca, o colega entubou. Era um cirurgião. Nós conseguimos uma vaga no Hospital Samaritano", explicou Grava.
Ortopedista, Grava acionou um neurologista, Walter Spinelli Júnior, para acompanhar o quadro. "Era um caso extremamente grave desde o início. Na época, com recursos muito mais limitados do que se tem hoje. O diagnóstico só foi esclarecido depois, de lesão neuronal difusa. Há 30 anos, não se falava disso. Falava-se só de uma contusão cerebral grave", explica Spinelli.
Depois de passar pelo Pronto Socorro de Santana, pelo hospital do Mandaqui e pelo o hospital Samaritano, Enéas ainda foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia. Lá, foi tratado por um médico que era torcedor e conselheiro da Portuguesa. Tinha Enéas como ídolo.
"Evidentemente, tinha todo o meu carinho e a minha simpatia. Não éramos próximos, mas como jogador, o admirava muito, como todo mundo o admirava. Na Santa Casa, fizemos tudo o que foi possível por ele, mas a vida é assim. Chega um determinado momento em que, por mais que se faça, não tem solução", lembra o médico Carlos Alberto da Conceição Lima.
"Tudo o que foi possível fazer por ele foi feito. O problema é que era um caso grave, praticamente sem possibilidade de recuperação".