Sua voz está mais frágil e a agilidade com a qual responde a seus críticos não parece a mesma. Seus dois joelhos limitam os movimentos e os 83 anos não disfarçam seu impacto. Mas o ex-presidente da Fifa, um dos personagens de maior influência no esporte mundial por décadas, continua acompanhando com atenção todos os acontecimentos do futebol.
Joseph Blatter recebeu a reportagem do UOL em Zurique. Sorridente, lembrou que tem a mesma idade que o Papa Francisco e garante que seu "tempo não acabou".
Epicentro do maior escândalo da história do futebol, ele colocou seu cargo à disposição em 2015, depois das prisões dos demais cartolas, em maio daquele ano em Zurique. Mas, meses depois, foi suspenso do futebol, numa pena que termina apenas em 2021. Por um pagamento milionário a Michel Platini, ele foi acusado de "abuso de posição, gestão desleal e conflito de interesse".
Segundo ele, porém, não houve corrupção. "Podem procurar. Nunca vai aparecer. Nunca. Eu não estou na corrupção", disse. Também insiste que "não sabia" o que acontecia entre os mais de dez cartolas indiciados nos EUA. Muitos deles eram seus amigos pessoais e outros eram vice-presidentes da Fifa. No total, a Justiça americana acredita que o esquema desviou do futebol mais de US$ 200 milhões, inclusive para cartolas brasileiros.
Blatter prefere ver a trama como uma disputa pelo poder. Ele lamenta ter sido um "tolo" ao não ver que um grupo dentro a entidade queria tomar-lhe o poder. Em maio, as prisões dos dirigentes da Fifa completam quatro anos. Os processos sequer foram concluídos ainda nos EUA.
O ex-presidente ainda fez revelações sobre a Copa de 2014, rebateu os projetos da Fifa de ampliar o Mundial, falou de Neymar, alertou para o poder dos europeus e garantiu: o Palmeiras é campeão mundial "e ponto final".