"Aquela semana foi tensa pra mim. Eu ficava pensando: 'Deus, tem 32 times e a final tinha que ser justo contra o Bayern?'.
Enfrentar o meu ex-time na final era especial. Não por causa do Van Gaal, o técnico que me dispensou de lá. Minha carreira diz tudo e não preciso dessas coisas. Mas eu estava com sangue nos olhos para aquele jogo. Os meus companheiros da Inter de Milão falavam: 'Lúcio, é nossa hora de dar o troco'. Eu queria conquistar uma Liga dos Campeões, quem não quer?
No vestiário, o Mourinho me chamou e falou: 'Lúcio, a gente sabe o que aconteceu com você lá. Então, por favor, não se empolga. Não vai querer achar que vai resolver o jogo sozinho'. Aquela não foi a primeira conversa dele comigo. Eu tinha muito entusiasmo para arrancar e disparar para o ataque. O Mourinho, às vezes, me chamava em particular assim: 'Quem arma as jogadas é o meia. Quem tem de fazer gols é o atacante'.
E naquele jogo deu tudo certo. Ajudei a tirar a Inter de uma fila de 46 anos sem o título da Liga dos Campeões. Foi um presentão de Deus na minha vida. Lembro que, depois que acabou a partida, eu peguei minha filha no colo e a torcida do Bayern começou a gritar meu nome. Fui até eles, peguei o cachecol e dei um beijo. Aquilo foi muito importante para mim. Uma prova de que eu estou na história dos dois clubes."