A memória de quem olha para Jéssica Andrade é da cena da lutadora erguendo Rose Namajunas no octógono como se fosse uma folha de papel, e o pescoço torto da adversária aterrissando no chão. A cena é chocante mesmo para quem acompanha de perto o universo do MMA.
"Quebrou o pescoço, essa não volta mais". Foi o que passou pela cabeça de Jéssica assim que finalizou o golpe naquele 11 de maio de 2019. A espontaneidade ao admitir o medo de ter matado a rival faz parte do jeito de ser da lutadora de 27 anos de Umuarama, interior do Paraná.
A campeã peso-palha do UFC mais conhecida como Jéssica Bate-Estaca é assim: despida de vergonha ou filtros. Ela fala o que pensa e não disfarça os sentimentos mesmo quando aborda temas íntimos ou polêmicos. Responde tudo na lata, mas sempre sob os olhos atentos de Fernanda, sua esposa.
Espécie de marqueteira e assessora de imprensa, Fernanda tenta dosar com caras e bocas as coisas que a mulher diz. Sem sucesso. No final, as respostas sinceronas viram risadas gerais alimentadas pela autenticidade da lutadora.
Jéssica defenderá o título do UFC no próximo sábado (31). A adversária da vez é a chinesa Weili Zhang, que só perdeu uma luta em toda sua carreira, nenhuma no Ultimate.
Em quase duas horas de conversa exclusiva com o UOL Esporte, Jéssica Andrade falou ainda do ranço com a também campeã Amanda Nunes, da relevância de Ronda Rousey para as mulheres no UFC e de episódios de sua vida religiosa e familiar, como o dia em que sua mãe disse "isso é coisa do diabo" ao saber que a lutadora era lésbica.