"Sou muito bom"

Ídolo do rádio quase morreu narrando Copa, não gostou de trabalhar com Faustão e tem Neymar entre os fãs

Rubens Lisboa e Vanderlei Lima do UOL, em São Paulo Lucas Seixas/UOL

"Me perguntam se eu acho [que eu sou o maior]. Não acho. Acho que sou muito bom e acho que não é muito fácil ter a dedicação que eu tenho e fazer o que faço. Mas não me comparo e não me acho melhor que ninguém. Tem gosto pra tudo."

A citação acima pertence a José Silvério. Há mais de quatro décadas ele é a voz do futebol no rádio paulista, inicialmente pela Jovem Pan, depois pela Bandeirantes. É o "Pai do Gol", como cunhou o tradicional colega de estúdio Milton Neves.

E o torcedor que ouve futebol no rádio possivelmente tem um gol narrado pelo veterano para chamar de seu. Difícil encontrar algum corintiano, palmeirense, santista ou são-paulino que nunca tenha se emocionado com o mineiro de Itumirim.

Mesmo com flertes esporádicos com a TV, Silvério construiu o culto a sua narração no rádio. Na entrevista ao UOL, o número 1 da Band fala da fama de difícil e relata casos incríveis da longa carreira. O narrador conta que não gostou de ter Faustão como seu repórter, descreve como quase morreu transmitindo a final da Copa de 1978 e se gaba de ter admiradores ilustres como Ronaldo e Neymar.

Da rivalidade com Osmar Santos até o auge na Copa de 2002, Silvério se abre na entrevista a seguir - com toda a transparência que marca a sua personalidade. "Honestamente, pra narrar do jeito que eu narro, pra irradiar do jeito que eu irradio, não vai ter, não. O cara pode falar: 'que máscara'. Não é nada disso, é uma coisa de sinceridade. Até essa minha sinceridade é diferente da dos outros."

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Vídeo

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Para ouvir a íntegra da conversa, ouça ao podcast UOL Entrevista.

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Aos 74 anos, chegou a hora de parar?

José Silvério de Andrade completa 74 anos em 11 novembro - são 55 anos transmitindo o futebol. Nascido em Itumirim, cidade mineira de apenas 6 mil habitantes, conheceu o rádio aos 8 anos, durante a Copa de 1954. Passou a narrar peladas e jogos de futebol de botão até iniciar a carreira aos 17 anos, em Lavras, quando chegava até a ser barrado em estádios por ser muito jovem.

Rodou por Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e São Paulo, onde se estabeleceu como um dos maiores no país, com passagens de sucesso pela Jovem Pan e Bandeirantes, sua "casa" atual. Silvério transmitiu 11 Copas e deixou sua voz marcada na memória de muitos torcedores, especialmente os dos times paulistas.

Até jogadores consagrados se rendem ao grito de gol de Silvério, com duração média entre 8 e 12 segundos. O veterano ainda se destaca pela velocidade e precisão, além de bordões como "E que golaço!" e "A bola ficou pedindo: 'me chuta, me chuta!'". Seu contrato atual com a Bandeirantes vai até a Copa do Qatar em 2022.

Mas, afinal, Silvério pensa em parar?

"Pode ser amanhã, pode ser daqui 10 anos, 20 anos... 20 anos, não, é muito. Mas não tenho, realmente não tenho. Eu fiquei um velho feliz, porque eu não tenho mais expectativa nenhuma do que pode acontecer amanhã. Eu, com quase 74 anos de idade, aprendi que não tem data marcada pra nada. Você vai, vai, vai, segue em frente, deixa o barco correr."

Lucas Seixas/UOL Lucas Seixas/UOL

Ronaldo, Alex e Neymar adoram o "gol" de Silvério

Silvério perdeu as contas de quantos gols já narrou, mas alguns foram marcantes por elogios que recebeu dos "autores". Nomes consagrados como Alex, Neymar e Ronaldo são alguns dos que se renderam ao locutor e guardaram suas narrações.

Alex entende que Silvério é responsável pela fama do gol pelo Palmeiras contra o São Paulo em 2002, que rendeu placa e um outdoor colocado pela torcida palmeirense em frente ao CT do rival - citando a narração do locutor.

"O Alex, por exemplo, você pergunta pra ele: 'e aquele gol?'. Ele fala: 'nada disso, o Silvério que fez aquele gol'. Sabe, essas coisas são muito importantes. É muito bom quando você faz bem feito", afirmou.

O locutor também recebeu elogios de Ronaldo pelo gol de cobertura contra o Santos na final do Campeonato Paulista de 2009. Silvério também soube que Neymar guarda a narração do gol diante do Flamengo, em 2011, que rendeu ao craque o Prêmio Puskas daquele ano.

"Eu fiquei conhecendo o Ronaldo porque narrei um gol dele na Vila Belmiro, jogando pelo Corinthians, que a bola sobrou. Ele fala daquele gol pra mim, né, aí eu falo: 'ah, você já ouviu o da Copa do Mundo?'. Aí ele fala: 'eu fui ouvir depois e tal'."

"Os dois caras que trabalham pra ele (Neymar) foram lá dar um recado pra mim, do gol que eu narrei dele contra o Flamengo, lá na Vila Belmiro. Ele falou que ouve aquele gol quase todo dia, porque aquele gol anima ele a fazer outros. Então, essas coisas marcam a vida da gente."

O futebol brasileiro tá muito ruim. E eu não quero mentir, sabe, que tá uma beleza. Olha, o jogador, hoje, ele não dá um passe de três metros. Você vê aí jogador badalado, jogador que faz isso, faz aquilo, e não consegue dar um passe de três metros

José Silvério, narrador da Rádio Bandeirantes

Quase morreu na Copa de 78

Silvério fez a final da Copa de 1978, na Argentina sofrendo muito devido a uma úlcera. Ele acordou na véspera com sangramentos e foi levado ao centro médico pelo repórter Wanderley Nogueira, seu colega na Jovem Pan. Mas o narrador não aceitou a recomendação para se internar e transmitiu o jogo entre Argentina e Holanda, usando panos para estancar o sangue e segurando uma santinha.

"Foi um dia dramático da minha vida. Eu só não morri porque não estava na hora."

O locutor conseguiu retornar ao Brasil ainda na noite de domingo e viajou ao lado de Pelé, que percebeu que Silvério não estava bem.

"Eu sentei do lado dele lá e ele: 'mas o que é que você tem que tá tão assim?'. Eu disse: 'tô morrendo'. Ele dormiu logo, e eu fiquei lá, sofrendo pra caramba. Cheguei em São Paulo, o Marcelo, que é filho do Seu Tuta [dono da Jovem Pan], estava carregando minha mala. Minha mulher falou: 'mas o filho do diretor carregando a mala dele? Tem alguma coisa errada aí'."

Na chegada ao hospital, Silvério soube que realmente estava quase morrendo.

"O médico falou: 'se você demorasse mais 15 minutos pra chegar aqui, você ia morrer. Você não tem sangue nenhum no corpo, está desfalecido'. Aí fui direto pra colocar sangue", disse o narrador, que teve que passar por uma operação.

Nunca quis a televisão

Não fui porque não quis. Na TV Manchete, fiz a Olimpíada de Atlanta, foi um sucesso. A Manchete quis me contratar, fez tudo pra me contratar, com salário que era o dobro do que ganhava no rádio. O Luciano (do Valle) cansou de falar pra mim: 'o dia que for pra TV, vai ser o maior'. Falei: 'que é isso, tem você, tem o Galvão, tem gente boa pra burro aí'

José Silvério, ícone do rádio esportivo em São Paulo

Reprodução

A parceria com Faustão não agradou

José Silvério é conhecido entre os repórteres pela sua seriedade nas jornadas esportivas e nunca gostou que algum repórter tentasse mexer com a transmissão por intermédio de brincadeiras.

"Tinha repórter que achava que tinha direito de avacalhar a transmissão, e eu falava pra todo mundo: a minha transmissão você não vai avacalhar, você pode ficar quietinho lá", relatou.

Isso aconteceu com Fausto Silva, o Faustão. O apresentador consagrado na Globo atuou na função de repórter de campo na equipe comandada por Silvério e seu jeito irreverente não caiu muito bem com o narrador.

"Eu nunca achei o Fausto muito firme, sabe? Isso, bem honestamente. Ele falava uma coisa aqui, outra ali, e eu não achava isso interessante, não. Mas também não tenho nada contra, problema dele, ele que é assim", explicou Silvério.

O locutor não tem o hábito de assistir ao programa de Faustão na TV, já que costuma estar nas transmissões esportivas no mesmo horário do programa do apresentador.

"Talvez tenha sido o cara da televisão de maior sucesso no Brasil, nesses anos todos. Quando eu digo sucesso junta até pelo salário que ele tem, todo mundo diz, que eu não sei se é verdade. Quando ele parou de trabalhar comigo, eu encontrei muitas vezes com ele. Depois nunca mais vi o Fausto. Não tenho mais nenhum tipo de amizade com ele. Ele pra lá, eu pra cá. Também não tenho nada contra."

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Os bordões: "Não criei nada"

"A bola ficou pedindo: me chuta, me chuta! Ele foi lá e encheu o pé."

Esta é uma das frases marcantes na voz de José Silvério. São diversos os bordões usados pelo locutor, que credita o uso deles ao diretor da Jovem Pan, Tutinha, que o achava muito sério e sugeriu que ele incrementasse a narração.

"Ele falou: 'vamos acertar algumas coisas de maluquices aqui na sua transmissão. Então, você fala 'pra fora', bota a voz nisso aí. Você tem voz pra isso, tem pique pra isso, tem fôlego pra isso'. Então, aí eu criei esses exageros, que, na verdade, não têm nenhuma criação, não tem nenhuma criatividade. Tem gente que fala: 'ah, ele criou'. Criei nada, a única coisa que eu fiz foi dar esse tom de valorização."

"Eu cresci muito como locutor, e aí eu senti firmeza. Sabe quando você sente firmeza em você mesmo? Fala: 'não, eu tô sobrando aqui, deixa eu fazer umas bobagens aqui'. Aí tem esse negócio do 'me chuta, me chuta', porque, sabe, um dia eu vi um gol, assim, que a bola veio, o cara chegou e chutou. Eu falei: 'a bola estava pedindo me chuta, me chuta, me chuta, ele veio, chutou e fez o gol'. Aí você fala aquilo ali, que não tem nenhuma lógica, mas as pessoas comentam."

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"Já chorei irradiando gol"

Nem tudo é alegria para Silvério quando está transmitindo um jogo. O veterano já trabalhou em momentos difíceis da vida, como no dia em que sua mãe morreu.

"Minha mãe estava doente já tinha algum tempo, e eu brincava com ela: 'não morre domingo, não, mãe, por favor. Deixa eu narrar, quando tiver que narrar, fazer uma homenagem pra senhora. Morre segunda-feira'. E eu estava em Lavras, minha mãe estava morando em Lavras, e eu voltei pra narrar no sábado e no domingo, dois clássicos, que a Jovem Pan me escalou. No sábado, a minha mãe morreu enquanto eu estava narrando"

Silvério revela que já chorou em diversas situações enquanto narrava jogos e conseguiu esconder. O locutor se assume como emotivo.

"Já chorei irradiando, por gols que eu narrei, e despistei muito bem, sabe? Tem umas coisas na vida complicadas. Eu sou um ser humano muito sensível, eu sou meio maluco. Eu, às vezes, brigo por coisas imbecis, mas eu sou muito sensível. Eu tenho muita pena das pessoas, eu vejo esse país nosso, desse jeito que tá aí, com milhões de pessoas passando fome."

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Não podia parar de trabalhar por doença da mulher

Silvério teve Sebastiana, a Tianinha, como companheira de vida durante 46 anos, entre namoro e casamento. Mas a amada morreu em 2010, vítima de ELA (esclerose lateral amiotrófica), doença degenerativa, que não tem cura.

Ao mesmo tempo em que precisava cuidar da mulher, o ídolo do rádio seguia trabalhando e não podia parar. Montou um estúdio em Lavras para poder ficar próximo dela e só deixou de fazer o jogo entre Vasco e Corinthians no fim de semana do falecimento da esposa.

"Eu segurei a barra. Só que gastava uma fortuna por mês, porque tratamento caríssimo, remédio caríssimo, então não podia parar de trabalhar. Eu tinha que ter força pra trabalhar pra segurar a barra e tinha que segurar a barra dela, porque a doença dela não tem como esconder. Ela sabia que ia morrer."

Depois do longo sofrimento com a doença de Tianinha, Silvério conheceu Rose, com quem é casado desde 2012 e vive em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo.

"Sou apaixonado por ela, foi uma salvação na minha vida num momento que eu estava num buraco de viúvo", contou.

"Minha filha fez almoço pra mim lá em Lavras. Aí ela falou: 'ô, pai, tem um monte de oferta pra você aí. Tem umas pessoas falando aí que querem te namorar, que você tá sozinho, que você é um velho muito enxuto'. Eu falei: 'opa'. Aí eu falei: 'ah, mas o recado chegou tarde, eu já tenho uma que eu tô me candidatando".

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Pobreza, fome e ausência do pai

Quem vê a carreira de José Silvério pode não imaginar a origem difícil do menino de Itumirim, que não teve pai, filho de uma mulher rejeitada pela família por ser mãe solteira, em uma cidade sem luz elétrica, e que passou fome com a mãe Delfina.

"Passei fome pra caramba, até aprender a comer. É uma vida difícil, muita luta, muita vontade de batalhar. Estudando com enormes dificuldades, em todos os sentidos. Não tinha dinheiro nem pra comprar um lápis. E foi assim minha vida até 15 anos, por aí, quando eu comecei a trabalhar e me virar sozinho."

"Eu explico pra algumas pessoas, eu vejo hoje, no mundo de hoje, gente reclamar que é pobre. Eu falo assim: 'eu queria ver você ser pobre em 50 e pouco em Itumirim'. Porque pobre lá era todo mundo, Itumirim era uma cidade pobre."

Silvério não teve pai e não acha que a figura paterna tenha feito falta. Ele tem o hábito de dizer que "pai não serve pra nada", mas a questão causava provocação e bullying de outras crianças em sua infância em Minas Gerais.

"Os meninos: 'ah, você é menino sem pai'. Enchia o saco. Hoje, chama bullying, né? Tirando isso, nenhum problema, honesta e sinceramente. Eu sou pai de três filhos, mas eu digo pra todo mundo: pai não faz falta nenhuma."

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Auge na Copa de 2002

Após mais de 20 anos sendo a principal voz do futebol na Jovem Pan, José Silvério decidiu mudar de ares em 2000, quando partiu para a Rádio Bandeirantes, emissora na qual considera que atingiu o ápice profissional durante a Copa de 2002.

No Mundial em que o Brasil foi penta, Silvério conseguiu vários anunciantes para a transmissão de sua nova emissora e levou a fama de ter ganhado milhões.

"Faziam um Carnaval danado, que eu ganhava milhões. Mas ninguém fala do trabalho, do que você leva de dinheiro, do que você promove na rádio. Pô, nós levamos uma equipe enorme pra Copa no Japão e Coreia, que não ia se eu não tivesse ido pra Bandeirantes. Não tinha dinheiro pra ir, e a gente vendeu tudo. Eles põem que eu ganhava uma fortuna, só que eles não põem que minha fortuna era dividida com outros companheiros que eu levei pra Copa", justificou.

Os jogos durante a madrugada do Brasil também colaboraram com a audiência de suas transmissões e o consequente retorno financeiro, com dez anunciantes fixos.

"Tinha as transmissões da televisão, e o que o cara fazia? Famoso churrasco com cerveja. Aí o cara começava a ouvir, mas era 6h da manhã, 7h da manhã. Dormia, com a família inteira, dormia com o rádio ligado. Então, dava uma puta audiência, enorme audiência. Tivemos retornos incríveis. E a gente tinha dez anunciantes, só anunciante bom. Acho que até hoje não voltaram para o rádio pelo tanto de dinheiro que gastaram com a gente naquele tempo."

Reprodução

Era de ouro do rádio paulista ao lado de Osmar Santos

Quando Silvério chegou a São Paulo para trabalhar na Jovem Pan, em 1975, Osmar Santos já era uma voz conhecida do público e era o chefe de uma equipe que contava ainda com Milton Neves, Wanderley Nogueira e Orlando Duarte.

Dois anos depois, Osmar saiu para a Rádio Globo, enquanto Silvério ficou na Jovem Pan. Concorrendo entre eles e com a televisão, os dois locutores marcaram época.

"Eu e o Osmar fizemos, aqui em São Paulo, a fase de ouro do rádio. A nossa competição, as nossas transmissões, eram diferentes, bem diferentes do que passou pelo rádio. Teve muito locutor bom que passou, mas não do mesmo jeito. A gente conseguiu, de uma forma ou de outra, manter uma briga saudável."

"Isso que nós fizemos foi muito bom pro rádio. Arrumamos novas pessoas, novos repórteres, fizemos algumas pessoas que são sucesso hoje ainda na televisão, como o Fausto Silva, por exemplo. A gente que fez esse pessoal todo. Deu uma mão pra esses caras, uma empurrada nesses caras todos. Porque a gente, além de locutor, tanto eu quanto o Osmar, éramos pessoas dinâmicas, criativas."

Eu mostrava para o Osmar. Falei: 'ó, você me deu mais um aumento aqui'. E a gente tirava sarro. Ele falou: 'a única maneira que eu tenho de te segurar é levar você pra Globo também'. Aí já teve mais um aumento. Cheguei num ponto em que ganhava um super salário. Tenho saudades disso, porque hoje estamos numa vaca magra danada

José Silvério, sobre os tempos de rivalidade com Osmar Santos no rádio paulista

O acidente de Osmar Santos

A disputa entre José Silvério e Osmar Santos acabou em dezembro de 1994, depois de um grave acidente automobilístico sofrido pelo locutor da Rádio Globo, quando ele viajava entre as cidades de Marília e Lins, no interior de São Paulo. Osmar ficou em estado grave, mas sobreviveu com sequelas e limitações na fala.

No dia seguinte ao acidente, Silvério comandaria do estúdio a transmissão do amistoso entre Brasil e Iugoslávia, em Porto Alegre, quando foi avisado do ocorrido. Ele aceitou narrar o jogo, mas avisou que não conseguiria em caso de morte.

"O (José Carlos) Carboni, que era o chefe da equipe da Jovem Pan, me chamou e falou: 'olha, tem um pepino aí: o Osmar Santos tá internado, quase morrendo'. E ele sabia que eu era muito amigo do Osmar. Aí eu comecei a chorar, porque eu fiquei com medo, e fui narrar o jogo do Brasil.

"Narrei, mas avisei pra ele: 'se o Osmar morrer antes de o jogo começar, eu não vou narrar, não. Não tenho condição nenhuma'. Aí o Osmar não morreu, né, graças a Deus. Aí eu narrei esse jogo, e foi um divisor de águas também na minha vida, que você começa a aprender muita coisa na vida, né?".

Apesar da felicidade pela sobrevivência do colega, Silvério lamenta as limitações que ele tem hoje aos 70 anos. "Eu era muito amigo do Osmar e agora a gente nem se encontra mais. Ele tem limitações, então, isso é difícil. Senti muito a falta dele."

Tenho um amor enorme pelo rádio, a vida inteira. Muita gente acha que o fato de eu não ter ido pra televisão é uma falha na minha vida. Não conheço alguns meandros do rádio, mas eu tenho certeza que o rádio jamais morrerá. Você pega um negocinho desse tamanho e liga no Brasil inteiro. O rádio é fantástico. É o grande amor da minha vida

José Silvério, narrador esportivo no rádio desde os anos 70

Locutores atuais

  • Ulisses Costa (Band SP)

    "Ele narra bem, mas tem 40 e poucos anos. Como é que vai fazer? Eu tenho 74, na idade, ele é muito mais novo que eu, mas como é que vai fazer essa caminhada dos 44, 45 anos pra frente?"

    Imagem: Divulgação
  • Nilson César (J. Pan)

    "Ele tem que assumir. Ele fala algumas bobagens, mas ele assume que imita, o que é que vai fazer? Eu, a única coisa que eu falo dele, é que ele me imita, e ele começou na Jovem Pan por minhas mãos"

    Imagem: UOL
  • Oscar Ulisses (Globo SP)

    "Eu que pus pra narrar na Jovem Pan, era repórter. O irmão dele era chefe da equipe, mas não punha ele. Uma vez que o Osmar viajou e eu fiquei como chefe no lugar, pus o Oscar, porque achava que ele narrava direito, que ele ia ser bom locutor"

    Imagem: Divulgação
  • Oswaldo Maciel (Transamérica)

    "Oswaldo era excepcional, mas não liga, não é um cara que tem a vontade que eu tenho, que leva a sério como eu levo. E ele não explodiu, porque não tem isso"

    Imagem: Divulgação
  • Eder Luís (Transamérica)

    "Trabalhei com ele em 1985 na Bandeirantes. Também já não é tão novo, tá mais louco pra parar do que eu"

    Imagem: Divulgação
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