"Me perguntam se eu acho [que eu sou o maior]. Não acho. Acho que sou muito bom e acho que não é muito fácil ter a dedicação que eu tenho e fazer o que faço. Mas não me comparo e não me acho melhor que ninguém. Tem gosto pra tudo."
A citação acima pertence a José Silvério. Há mais de quatro décadas ele é a voz do futebol no rádio paulista, inicialmente pela Jovem Pan, depois pela Bandeirantes. É o "Pai do Gol", como cunhou o tradicional colega de estúdio Milton Neves.
E o torcedor que ouve futebol no rádio possivelmente tem um gol narrado pelo veterano para chamar de seu. Difícil encontrar algum corintiano, palmeirense, santista ou são-paulino que nunca tenha se emocionado com o mineiro de Itumirim.
Mesmo com flertes esporádicos com a TV, Silvério construiu o culto a sua narração no rádio. Na entrevista ao UOL, o número 1 da Band fala da fama de difícil e relata casos incríveis da longa carreira. O narrador conta que não gostou de ter Faustão como seu repórter, descreve como quase morreu transmitindo a final da Copa de 1978 e se gaba de ter admiradores ilustres como Ronaldo e Neymar.
Da rivalidade com Osmar Santos até o auge na Copa de 2002, Silvério se abre na entrevista a seguir - com toda a transparência que marca a sua personalidade. "Honestamente, pra narrar do jeito que eu narro, pra irradiar do jeito que eu irradio, não vai ter, não. O cara pode falar: 'que máscara'. Não é nada disso, é uma coisa de sinceridade. Até essa minha sinceridade é diferente da dos outros."