Tiki-taka? Título!

Espanha conquista a Copa do Mundo feminina em meio a crise com técnico e vê surgimento de nova estrela

Carolina Alberti, Luiza Sá e Nicholas Ornelas Do UOL, em São Paulo e Sydney Elsa/FIFA via Getty Images

A Espanha ganhou, pela primeira vez em sua história, a Copa do Mundo feminina. Com muita troca de passes, elas driblaram um boicote e diminuíram as críticas ao técnico Jorge Vilda para chegar à final pela primeira vez na história e bater a Inglaterra - atual campeã da Eurocopa - para levantar a taça no Estádio Olímpico, em Sydney, na Austrália.

De quebra, a seleção espanhola viu uma nova estrela surgir para o futebol: Salma Paralluelo. A atacante trocou as pistas de atletismo pelos gramados e assumiu o protagonismo na reta final da competição, adaptando o tiki-taka espanhol à sua velocidade e faro de gol.

Outro a sair "grandão" foi Jorge Vilda. Bancado pela Federação espanhola apesar de ser taxado como "de terceira divisão" por parte do elenco, o treinador deixou a crise no passado e se uniu "a quem quis ficar" para construir uma campanha inédita no Mundial.

O título coroa também o bom trabalho do Barcelona com o futebol feminino. O atual campeão da Champions conta com nada menos do que nove representantes, como Paralluelo, Aitana Bonmati e Alexia Putellas.

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Toca para elas!

  • Salma Paralluelo

    A jovem de 19 anos disputou seu primeiro Mundial e impressionou a todos por sua velocidade e gingado, dando uma sobrevida ao ataque espanhol. Ela resolveu contra a Holanda nas quartas, encaminhou a vitória contra a Suécia e foi eleita a melhor atleta jovem da Copa.

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  • Jenni Hermoso

    A atacante do Pachuca (MEX) é a maior artilheira da seleção espanhola, foi a terceira melhor do mundo no Fifa The Best 2021 e superou uma lesão no joelho -- que a tirou da Eurocopa 2022 -- para ser um dos pilares da agora campeã mundial.

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  • Aitana Bonmati

    A meia de 25 anos é comparada a Andrés Iniesta e é uma verdadeira especialista em colocar as companheiras na cara do gol. Ela também é uma das líderes do time, não deixou de falar sobre os problemas da Espanha, e ganhou a Bola de Ouro da Copa.

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  • Alba Redondo

    A atacante ganhou espaço com Vilda no decorrer do Mundial e virou o encaixe perfeito para trio com Bonmati e Hermoso. Ela chamou a atenção também pela comemoração em homenagem ao tio e pelo beijo na namorada nas arquibancadas.

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A reviravolta de Vilda

Jorge Vilda chegou ao topo do mundo e tocou a sonhada taça da Copa feminina. Mas tudo poderia ter ficado apenas nos sonhos do treinador espanhol de 42 anos. Isso porque, em setembro de 2022, um grupo de jogadoras cobrou, entre outras coisas, a demissão do comandante.

Ao todo, 15 atletas se manifestaram contra a Federação Espanhola de Futebol (RFEF), e 12 delas boicotaram a Copa do Mundo feminina 2023. As jogadoras reprovam a relação distante de Vilda e o consideram um "técnico de terceira divisão".

A crise acompanhou a delegação espanhola no decorrer do Mundial, mas o treinador conseguiu alguns abraços de comemoração conforme a delegação avançava na competição. Ele, porém, resolveu deixar o boicote no passado.

Me senti apoiado pelo estafe, foi com ele que seguimos em frente durante momentos duros. Deixou todo mundo mais forte. Há que arquivar o passado e pensar no que temos conseguido". Vilda

A estratégia do treinador deu certo e aplicou, mesmo que por tempo determinado, um verdadeiro nó tático nas polêmicas e questionamentos extra-campo.

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Que se coloque em julgamento Jorge Vilda, que é um homem trabalhador, um técnico top mundial, que abriu mão de outras seleções. Nós ficamos com as que sempre quiseram estar [aqui], mas também com as que valorizaram o grande trabalho que foi feito e nos esquecemos das pessoas com ressentimento".

Luis Rubiales, presidente da RFEF, em entrevista à RTVE

A campanha até o título

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Espanha 3 x 0 Costa Rica

A estreia de luxo

As espanholas apresentaram suas credenciais logo na primeira exibição. Em jogo vistoso contra a Costa Rica, a então "sem tradição" seleção da Espanha venceu por 3 a 0. Os gols de Del Campo (contra), Bonmati e González saíram em um intervalo de sete minutos.

E o ataque potente espanhol também dava os primeiros sinais. No primeiro jogo, foram impressionantes 45 finalizações contra a meta costarriquenha, sendo 12 delas na direção do gol.

Por outro lado, Alexia Putellas começou no banco de reservas e já mostrava que veio para o Mundial fora das condições ideais. A espanhola se recuperou recentemente de uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.

Jan Kruger/FIFA via Getty Images

Espanha 5 x 0 Zâmbia

Quarteto mágico e novo passeio

Outra goleada espanhola, na segunda rodada, consolidou as novas estrelas do time. O quarteto formado por Jennifer Hermoso, Aitana Bonmati, Alba Redondo e Teresa Abelleira comandou o passeio espanhol sobre Zâmbia.

E nem mesmo a arbitragem confusa da sul-coreana Oh-Hyeon Jeong — que chegou a invalidar e, logo em seguida validar um gol da Espanha — impediu a construção de outra grande vitória.

Alba Redondo também ficou marcada por ir às arquibancadas beijar sua namorada após o jogo e homenagear seu tio falecido nas comemorações dos dois gols.

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Fran Santiago/Getty Images

Espanha 0 x 4 Japão

O sacode necessário

Tudo estava indo muito bem para a Espanha, até que o primeiro tropeço veio. E não foi uma queda qualquer, mas sim uma goleada sofrida por 4 a 0 para o Japão.

O jogo valia a liderança do Grupo C e a Espanha não mudou sua forma de jogar, mas as japonesas também vinham bem, deram uma aula de contra-ataque e ensinaram que só a posse e muito toque de bola não resolvem sempre.

O estrago não foi maior porque as espanholas já estavam classificadas para as oitavas de final, mas avançaram na segunda colocação e perderam a chance de uma campanha invicta.

Jan Kruger/FIFA via Getty Images

Espanha 5 x 1 Suíça

De volta aos trilhos

O jogo pelas oitavas de final da Copa feminina fez jus ao apelido "Fúria". Em atuação impecável, a Espanha fez 5 a 1 na Suíça e mostrou que o tropeço contra o Japão foi apenas um leve desvio de rota.

A grande destaque da partida foi Bonmati, que já vinha de um ótimo Mundial. Ela faz questão de ressaltar sua "personalidade" em várias entrevistas.

O jogo também marcou o gol de número 51 da atacante Jennifer Hermoso, se isolando como a maior artilheira da história da Espanha.

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Espanha 2 x 1 Holanda

Prazer, Paralluelo

Se a Espanha experimentava sempre os dois extremos — goleadas aplicadas ou sofridas —, o primeiro jogo mais truncado chegou. Os gols vieram somente no final da partida e o confronto foi decidido no tempo extra.

Desta vez, uma nova jogadora roubou a cena. A jovem Salma Paralluelo, de 19 anos, classificou a Espanha com o gol decisivo do 2 a 1 na prorrogação.

A atacante — que se dividia entre o futebol e o atletismo até 2021 — começou os primeiros jogos como titular, mas perdeu posição por atuações discretas. Em seu retorno, saindo do banco, mostrou por que é uma das principais joias do futebol feminino atualmente.

Zhizhao Wu/Getty Images Zhizhao Wu/Getty Images
Ane Frosaker/Eurasia Sport Images/Getty Images

Espanha 2 x 1 Suécia

Feito histórico

Foi um confronto atípico, onde as seleções se respeitaram até, literalmente, os 35 minutos do segundo tempo. A partir daí, os três gols e muita festa para as espanholas.

Em questão de minutos, a Espanha passou por uma montanha-russa de emoções. Paralluelo marcou aos 35, Blomqvist empatou aos 42 e Carmona botou a "Roja" na frente aos 44, com gol salvador.

O jogo também representou uma quebra de tabu. Foi a primeira vitória da Espanha sobre a Suécia na história do futebol feminino em 12 jogos disputados.

Catherine Ivill/Getty Images

Espanha 1 x 0 Inglaterra

A taça é, enfim, espanhola

Com gol da capitã Olga Carmona ainda no primeiro tempo, as espanholas venceram a Inglaterra por 1 a 0, no lotado Estádio Olímpico, em Sydney, e conquistaram o cobiçado troféu.

As espanholas controlaram a maior parte do jogo e não conseguiram um placar maior por causa de Mary Earps. A goleira defendeu um pênalti de Hermoso e fez intervenções importantes no decorrer da partida.

A final contou com quase 76 mil pessoas. Os ingleses foram maioria nas arquibancadas, a seleção era favorita no duelo, mas no final a festa foi dos espanhóis. Com o resultado a Fúria se tornou a terceira seleção europeia a ser campeã do mundo. Ela se junta à Noruega (1995) e à Alemanha (2003 e 2007).

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