Eurico Rosa faturou cerca de R$ 630 milhões em premiações ao longo da carreira - iniciada no Brasil e consolidada no exterior. Nem todo o sucesso, no entanto, fazia o jóquei se sentir feliz, em paz. Para entender melhor a história é preciso voltar à década de 70 na pequena cidade de Buri, no interior de São Paulo.
A vida na roça tinha tudo para ser um sonho para o jovem Eurico. Criado em uma fazenda, ele podia conviver diariamente com os cavalos, sua maior paixão. No entanto, desde cedo aprendeu na marra que não poderia contar com uma das principais fontes de segurança de qualquer indivíduo: o pai.
Vítima de uma relação abusiva, Eurico passou por traumas impactantes e que só foram plenamente compreendidos anos depois. O pai, José Maria, o levava como testemunha e estuprava mulheres na sua frente. Com apenas três anos, ele não tinha pleno entendimento do que ocorria diante de seus olhos de criança.
Além da barbaridade, Eurico sofreu tortura por vários anos. O poder de influência do pai era tão grande que Eurico chegou a questionar sua sexualidade por décadas.
Eurico conviveu com seus demônios internos por muito tempo. A angústia era tão forte que o suicídio surgiu como solução. Foram algumas as tentativas de tirar a própria vida - em todas as vezes o livramento aconteceu no último segundo.
Montar em um cavalo e disputar com adversários para ver quem era o mais veloz mudou a vida do jóquei. O que Eurico demorou ainda mais para entender é que havia uma outra disputa paralela e que não envolvia ninguém mais além de si próprio: a cavalgada pela liberdade.