Por volta das 5h30 da manhã de uma segunda-feira de 2018, o jogador de futebol Everton Heleno foi acordado com o anúncio de sua prisão. Cinco policiais vestidos de preto, um deles segurando um pé de cabra, entraram na casa avisando sua mãe, Ducicleide da Silva, que o filho era procurado.
Os policiais revistaram o lugar em busca de provas do crime. Eles algemaram Everton e o levaram à delegacia, onde Ducicleide finalmente descobriu que o filho, um jogador com passagens por clubes como Santa Cruz, Sport, Botafogo-SP e CSA, estava sendo acusado de roubar celulares na cidade de Camaragibe, na região metropolitana do Recife.
Aquele era o começo do período mais penoso da vida do jogador, então com 27 anos. Ao longo do inquérito, enquanto Everton insistia que era inocente, a delegada Euricélia Nogueira ouviu vítimas e testemunhas de ao menos sete roubos com as mesmas características na mesma região em um intervalo de dois meses.
As vítimas narravam o crime da mesma forma: nas primeiras horas da manhã um homem estacionava seu carro HB20 branco perto de um ponto de ônibus, descia do veículo e exigia o celular de quem estivesse na calçada. Usava óculos de grau e boné. Não parecia ter arma de fogo e sempre agia sozinho.
Ao prender Everton Heleno, os policiais enviaram fotos às vítimas, que o reconheceram como o homem que as assaltou. Reportagens da TV local associaram a imagem do jogador ao crime, o que fortaleceu a convicção sobre sua culpa entre as vítimas e a opinião pública. Na delegacia, obrigado a usar boné e óculos de grau, Everton foi novamente reconhecido pelas vítimas e permaneceu na cadeia.