Desde pequeno eu procurava a posição perfeita. Que ironia, né. Não desde sempre, claro. Quando eu era pequeno, era só diversão. Eu gostava tanto que até dormia com a bola quando meu pai me dava uma nova.
Com sete anos, lá no Dique Seis, bairro onde eu cresci em Campinas, eu era atacante. Ou meia. Eu era mais rápido e chutava mais forte que meus amigos, eu batia tiro de meta, falta e até pênalti. Até os 11 anos, eu era o melhor do time.
Depois, eu passei pelo Sesi e ainda via que era melhor que os outros garotos. Mas quando o Paulínia me convidou para um teste, eu vi que não seria assim para sempre.
Em um time de mais qualidade, nem sempre você joga na sua posição. Pra jogar, você tem que achar um lugar. Eu fui para o Paulínia para jogar de volante. Gostei da posição e acabei ficando nela.
Só que com 16 anos, os outros garotos começaram a me igualar em força e velocidade. Foi aí que surgiu na minha vida um cara a quem eu devo muito: Elio Sizenando. Ele me ensinou que eu precisava ser inteligente para jogar em mais de uma posição, precisava ser versátil.
Então, quando o time tinha um bom lateral, eu jogava de volante; quando já havia um bom volante, eu era lateral. Foi o Elio, muito antes do Leonardo Jardim, que me ensinou a jogar nas duas posições.
O Leonardo Jardim mudou a minha vida no Monaco, mas foi por causa do Elio que eu estava preparado para deixar a lateral direita, posição em que eu já tinha sido convocado para a seleção, e recomeçar como volante.
Eu sempre confiei que poderia atingir o nível de seleção também como volante. A posição perfeita que eu buscava? Bom, eu aceito que seja ali: bem no meio da lista dos jogadores que vão disputar a Copa do Mundo - minha primeira e que espero que não seja a última.