"Vendo o futebol de hoje, eu acho que meu avô iria gostar dos avanços tecnológicos. Ele ia achar muito bom, mas não iria gostar nada, nada, da falta de empenho dos jogadores. Falta raça hoje em dia. Os jogadores estão mais preocupados com as redes sociais, em usar roupa de marca, com o corte de cabelo, em tirar sobrancelhas. Acho que meu avô sentiria a falta de foco no jogo em si, a falta de foco no campo", diz Júlia Mandetta.
É uma opinião normal. Afinal, que avô não é saudosista e fala do futebol "do meu tempo" com muito mais carinho do que o atual? Mas o avô de Júlia é diferente. Atende pelo nome de Vicente Feola e, se você não o conhece, é bom continuar lendo esse texto.
"Meu avô foi técnico da geração de Mané Garrincha e Canhoteiro. Brigou para levar o menino Pelé à Suécia. Então, iria estranhar essa indústria da celebridade que cerca o futebol atual".
Feola é o recordista em partidas no comando do São Paulo, com 532 jogos à frente do clube, e o primeiro brasileiro a levar o Brasil ao título da Copa do Mundo, em 1958. Um filho de imigrantes italianos de 150 kg que adorava reunir amigos, cartolas e jogadores ao redor da mesa de sua mulher, dona Joanina, ele conviveu, durante toda a carreira, com boatos e comentários maldosos sobre seu peso. Agora, você vai ver o que existia de verdade neles.