A paralisação do futebol mundial, não só paulista, veio no momento em que o São Paulo acabara de ganhar muito bem da LDU, pela Libertadores, e um clássico contra o Santos, de virada. "Olha como são as coisas. Se tivesse parado uma semana antes, após aquelas duas derrotas (Binacional-PER e Botafogo-SP), a avaliação do meu trabalho seria outra e teria toda aquela conversa", avalia Diniz.
O fato é que não parou uma semana antes. Mas parou justo quando o time havia engatado a terceira marcha. Uma pausa inevitável, diante da pandemia do coronavírus, mas que veio em péssima hora para o São Paulo.
Vocês estão com medo?
Tem medo no ar. Preocupação. De como as coisas vão ser, quando vai voltar. No São Paulo não tem pânico, mas tem medo. Aqui no Brasil ainda não pegou um jogador, quando vai chegando perto do teu meio, assusta mais.
Como você vê o que está acontecendo?
Se as pessoas aprenderem alguma coisa com isso, vai valer a pena de alguma forma. É uma chance de as pessoas refletirem, verem que não adianta viver só para si, que precisam se ajudar um pouco mais. Mas quando atingir as camadas mais pobres... é muito preocupante.
E a decisão de adiar torneios todos? Agora está mais fácil perceber que era a decisão certa, mas como você avalia o processo todo?
Não tem como não fazer. As coisas foram muito rápidas. Tinha que cancelar mesmo, tem coisas mais urgentes para a gente pensar. Todo mundo tem que colaborar, todos os setores da sociedade vão ter impactos muito fortes. A gente tem que tentar se ajudar para não deixar alastrar, ficar em casa conseguir controlar, e todo mundo se ajudar.
Renato Gaúcho chegou a falar até em greve no fim de semana passado. Do jogo da LDU para o jogo do Santos, houve um movimento muito forte de aumento de casos e mortes no mundo. Vocês estavam pensando em de repente não jogar?
A gente conversou disso. Para mim, estava muito claro que ia ter aquele jogo contra o Santos e mais nada. O não dito estava quase dito. Era uma coisa de um, dois dias. Se não parasse, ia haver um movimento forte de todo mundo, e eu ia participar, para não continuar.
E a experiência de jogar com portões fechados? É bem capaz que isso se repita muito quando o futebol voltar.
Não tem nada a ver jogar sem torcida. O futebol que a gente pratica tem um pedaço de espetáculo. O jogo dos grandes clubes é para poder alegrar o torcedor, é o torcedor que faz as coisas acontecerem, ele que paga todas as contas. Não tem sentido o futebol sem o torcedor. E para quem está lá, perde o brilho, perde o encantamento. A falta de torcida no estádio deixa o futebol mais pobre.
Seria melhor então esperar para voltar quando a torcida puder ir aos estádios?
De uma maneira idealizada, seria melhor esperar para voltar direito. Mas às vezes a situação dos sonhos não é possível. Não vai ter data, vai espremer calendário, comprometer, etc... E pode ser que alguns jogos sejam com portões fechados. Paciência.